10 de ago. de 2012

Vento de Oeste



De Batumi a Istanbul – de 21/07/2012 a 11/08/2012


Após a rápida e simples entrada na Turquia, seguimos pela costa do Mar Negro sempre com vento de oeste, ou seja, contra, o que dificultava bastante a pedalada. Acampamos a primeira noite na praia, onde nos banhamos pela manhã e tiramos o sal com águas da montanha. Apesar de toda essa mordomia, as noites à beira mar foram muito quentes dentro da barraca e difíceis de dormir. Logo desviamos para as montanhas, pois pedalar o dia todo à beira do mar é torturante, já que o mar está ali o tempo todo e só o que se quer é ficar dentro dele e não fora, mas desse jeito não chegamos a lugar nenhum, a não ser que troquemos as bikes por pés de pato. Então nos despedimos do mar, por hora, e subimos até 2.200 m. Antes disso, descansamos um dia em um vilarejo – Alancik - acampados no quintal de uma simpática família e aproveitamos a proximidade com o rio para nadar. Ainda vento de oeste.
No caminho, tivemos contato com árvores de avelã! Que novidade para nós. Ganhamos um saco repleto delas e temos nos deliciado com os cremes de chocolate e avelã que comemos com pão. Aliás, pão aqui é o que não falta, de todos os formatos e tamanhos, os quais são expostos em vitrines de vidro. Outra comida farta por aqui são os pêssegos imensos, laranjas e suculentos! Ganhamos quilos e mais quilos! As macieiras, tomateiros, uveiras, pereiras e ameixeiras também estão pesadas de tanto fruto.


Ao longo do dia nos deliciamos com tudo isso, mas somente nós, pois grande parte dos turcos está fazendo o Ramadan. Durante 30 dias eles fazem jejum e só comem e bebem (e fumam, os fumantes) quando o sol nasce e quando o sol se põe. Neste ano o Ramadan é bem no verão, o que significa 17h sem colocar nada dentro do corpo! Presenciamos várias famílias praticando o Ramadan e certa angústia ao olharem o relógio e a alegria quando é hora de comer e beber. Essa não é uma hora muito feliz para mim e para o Marcos, pois o anúncio é feito no mosteiro e emitido pelas dezenas de megafones, em altas torres, espalhados pelas cidades e vilarejos. Então, lá pelas 4h da manhã, quando estamos perto de uma das torres com megafone (quase sempre, pois há muitas, acredite!), acordamos e só dormimos quando o anúncio termina. Nestes últimos dias isso significa mais de 10 minutos cantando e entoando frases religiosas. Bom, mas deixemos isso pra lá e falemos um pouco mais sobre o Ramadan. É uma prática muçulmana que, segundo eles, é um período para reflexão, ajuda a limpar o corpo, e ensina o autocontrole e disciplina, entre outros benefícios. Claro que nem todos podem fazer esta prática, como pessoas debilitadas ou que estejam viajando, por exemplo.
A caminho de Istanbul, encontramos uma dupla francesa, Thomas e Marian, com quem pedalamos um dia, no qual, segundo o bem humorado Thomas, parecia que estávamos pedalando contra um imenso secador de cabelo. Vento contra incrivelmente quente! À noite, fizemos um grande acampamento à beira do rio. Infelizmente nos despedimos na manhã seguinte, pois eles tiveram de pegar um ônibus até a capital, Ancara, onde um deles pegaria um avião para a França.


Após 750 km, paramos em Bolu, onde ficamos na casa do Yasin, que também já viajou bastante pelo mundo a fora. Ficamos um dia para esticar as pernas e, finalmente, decidimos parar por uns dias na grande e bela Istanbul. Seguimos mais 300 km por estradas secundárias e mais silenciosas até chegarmos a Yalova, cidade na costa, oposta à Istanbul, onde pegamos um barco até a muvuca, ou para ficar mais bonito, a antiga Constantinopla, antiga capital do império Bizantino. Esta é a última cidade na Ásia, pois parte desta cidade fica neste continente e parte fica na Europa. A divisão dos dois continentes é feita pelo estreito de Bósforo, que liga os mares Negro e Marmara. Os vestibulandos vão adorar esta postagem, não? Só mais uma: a capital da Turquia é Ancara! Fácil de confundir... tantas pessoas ficam assustadas quando falamos que a capital do Brasil não é o Rio de Janeiro e nem São Paulo!
Em Istanbul, ficamos hospedados na casa do Kerem, ciclista que já recebeu dezenas de ciclistas do mundo inteiro. Para nossa surpresa, ele estava viajando, mas deixou a casa sob responsabilidade do Thomas, francês que conhecemos na estrada. Então, ficamos eu, Marcos, Thomas, sua irmã Clara, seu namorado Fabian e Sam, inglês que também encontramos na estrada e que pedalou muitos quilômetros junto com Thomas antes de nós! Uma república internacional, muito divertido!
Em Istanbul, nos juntamos a outros milhares de turistas e fomos passear pela parte antiga da cidade. Nunca tínhamos visto tantos turistas em uma só cidade! Visitamos mosteiros, castelos e o grande bazar coberto, onde paramos para apreciar uma vitrine com joias de ouro. Mas nosso interesse não eram as joias, mas sim as diversas bandeiras do Brasil lá expostas. Logo um senhor veio nos cumprimentar e perguntou, em bom português, se éramos brasileiros. Oscar era o seu nome, descendente de turco, poliglota (fala “apenas” 8 línguas fluentemente, além de outras que usa para vendas, somente) e que mora há 30 anos em Istanbul. Tomamos um delicioso chá de maçã e seguimos pelo labirinto do grande bazar. Istanbul é realmente uma cidade fascinante e cheia de surpresas!
A viagem pela Ásia terminou por aqui. Agora seguiremos para o outro lado do Estreito de Bósforo, na Europa, em direção à Bulgária e esperemos que os ventos continuem nos trazendo boas experiências!

Algumas cidades visitadas: Trabzon, Giresun, Amasya, Bolu, Yalova, Istanbul.

Curiosidades:

- Os homens, ao se cumprimentarem, dão as mãos batem a testa, primeiro um lado e depois o outro.

- Muitas cidades aproveitam das torres com caixas de som para fazer anúncios sobre atividades que são promovidas pela prefeitura. Tem até algumas cidades que anunciam mortes e o horário do enterro!


Dicas:

- As estradas maiores costumam ter bons e largos acostamentos mas costumam ser bastante movimentadas; alternativa como buscar estradas menores tornam as pedaladas mais agradáveis e interessantes;

- O verão na Turquia é bastante quente, especialmente ao longo das costas (norte e sul). O inverno é bastante frio e tem muita neve;

- Chegar em Istanbul pedalando é um tanto insano. Atravessar a ponte que liga a parte europeia da asiática é proibido para ciclistas, apesar de alguns ciclistas terem feito isso aos olhos dos policiais, mas é muito perigoso, pois não há acostamento. O ideal é ir até o Estreito de Bósforo e pegar um dos ferry boat. Para sair de Istanbul em direção à Ásia ou chegar de lá, há diversas cidades ao longo da costa do Mar de Mármara que tem ferry boats para Istanbul, onde só é preciso encostar as bikes em um canto, nada de empacotar e etc. A cidade mais próxima de Istanbul onde se pode pegar o barco é Yalova. Pagamos 11 Liras turcas (7 USD) pelo barco – 6 pelas bikes e 5 para nós;

- Em Istanbul, há bom transporte público, com trens, ônibus e barcos. Este atravessa o estreito de Bósforo, saindo e chegando a diversos portos espalhados pela costa.

- Vá preparado para gastar um pouco de dinheiro, caso vá fazer turismo em Istanbul. As entradas são um tanto salgadas - 20 Liras (11 USD) em dias de semana e 25 Liras nos finais de semana. Algumas atrações como o Blue Mosque, são de graça.

Veja mais fotos no albúm

4 de ago. de 2012

Vídeo VII - Uzbequistão / Uzbekistan



Veja o novo vídeo - Uzbequistão - aqui!

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Check the new video - Uzbekistan - here!

 
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