3 de mar. de 2012

Montanha russa chinesa

Posted by Marcos

De 14/02/2012 até 04/03/2012 – de Xingyi, Guizhou a Xuyong, Sichuan.

Nossa jornada continua a partir da saída de Xingyi, o que estava ao nosso redor era grande, muito maior do que imaginávamos: largas avenidas e grande movimento, tudo isso percebemos somente na saída da cidade.
O caminho que trilhávamos nos surpreendia a cada momento pelas belas paisagens, logo na saída de Xingyi topamos com um grande cânion e com algumas cachoeiras desaguando no rio bem abaixo de nós.


A partir dali subimos uma pequena serra com vendedores de milho na brasa ao longo do seu topo. As cidades e vilarejos se uniam de modo que era difícil se afastar do movimento, ao longo de quase 30 km estávamos rodeados por grandes vilas que pareciam cidades. As buzinas foram cada vez mais dominando as estradas e ruas, como no Vietnã. Aos poucos fomos percebendo que a buzina é bem utilizada por aqui.
As estradas são muito engraçadas e bonitas, quando vemos a estrada tem camadas, como uma lasanha, pedalamos, pedalamos e pedalamos e estamos no mesmo ponto a alguns metros acima.
O sobe e desce de grandes serras nos fez perceber que as diferenças de temperatura e umidade entre um local e outro, nem tão afastados entre si, podem ser grandes. Subimos por belas serras, algumas habitáveis e outras não, e onde pode ser habitado, mas com algumas dificuldades como muitas rochas e grandes declividades, a população se esforça (muitas vezes em grandes grupos) para plantar hortaliças, arroz, trigo e pitáia. Algumas vezes até constroem muralhas de pedras, extraídas por ali mesmo, para formar os platôs agricultáveis e tentar segurar a água e terra dos frequentes desabamentos. Aliás, desabamentos parecem ser frequentes, pelas sinuosas estradas por onde passamos víamos pessoas trabalhando para reter os paredões de terra e pedra.
Nas estradas, de repente, quando víamos estávamos num grande mercado dentro de um vilarejo, pessoas para todos os lados, de moto, de carro, caminhão e a pé.


Pessoas comprando, vendendo, passeando, cortando os cabelos nas calçadas, negociando desde animais vivos até bolachas, bolos, vegetais e dentaduras, isso mesmo! Dentaduras! Nós, pra variar, chamávamos atenção, quando nos dávamos conta estávamos rodeados por uma dezena de pessoas curiosas.
Os restaurantes e as comidas continuam muito interessantes: os pedaços de carne pendurados num restaurante, os pés de galinha e ovos embalados a vácuo, os pãezinhos e os bolos no vapor e o famoso “hot pot” chinês – juntam-se vegetais, às vezes macarrão, carnes e tofu numa panela ao centro da mesa a qual é mantida em pleno aquecimento . Nós nos viramos ao nosso jeito, comprando cookies com semente de girassol, com sementes de gergelim, bolinhos, pães recheados, salgadinho de milho e tofu. Dia desses foi a glória! Encontramos feijão muito parecido com o preparado no Brasil, só que com bastante cebolinha e gengibre. Mas... “nem tudo são flores”, encontramos algo parecido com pão e logo fomos comprando, carregamos por quilômetros o “pãozinho”, quando dou a primeira mordida: tofu, pesado e molhado, era um tofu defumado, mas demos um jeito e pedimos num restaurante para nos prepararem uma porção que, aliás, ficou deliciosa!
Pelas estradas pudemos conhecer vilarejos onde habitam um interessante grupo étnico cujas mulheres costumam usar um pano azul e preto na cabeça , além de outros grupos étnicos.


E o frio eim? Não é fácil não! Por aqui as pessoas tentam se virar de todo jeito pra não sofrer tanto, desde as formas mais sofisticadas, mas não tão comuns, como os aquecedores centrais, até as formas mais rudimentares como fogueiras, carvão vegetal e o carvão mineral - muito utilizado por aqui. As motos são adaptadas com grandes luvas de couro com forro de algo que parece aquecer bastante, algumas motos com guarda chuva acoplado e com capa na dianteira.


Para aquecer a cama tem o aquecedor de cama elétrico e quando estamos com a água nas garrafas quase congelando chegamos em um restaurante ou outro lugar qualquer e nos oferecem água fervendo para beber. Com os alimentos eles também dão um jeitinho diferente de conservar, defumam patas no maçarico e grandes pernis de porcos e penduram pelos cantos, além das verduras, penduradas pelos muros e varais em frente das casas.


Saindo de Dafang vimos alguns flocos de gelo caírem do céu e ainda teríamos uma longa descida pela frente, congelante!
Os pés e as mãos vão sofrendo leve congelamento, mas para minimizar maiores problemas fizemos a nossa mais recente aquisição: botas estofadas de fabricação local, muito boas para o frio, pra pisar na lama e pra pedalar também, por que não?
A comunicação vai bem, eles são bem atenciosos, preocupados e determinados em resolver problemas, apesar das dificuldades em nos fazer entender. Os gestos por aqui são bem diferentes dos nossos, especialmente os números. O número 10 (duas mãos abertas para nós), por exemplo, é gesticulado como uma cruz com os dedos indicadores, bem esquisito!!
Depois de descidas e subidas longas em meio a muito barro e umidade finalmente descemos para o “calor” de 10°C. Até quando? Veremos...

Cidades visitadas, Zefeng, Anshun, Puding, Dafang, Bijie – Guizhou, Xuyong - Sichuan

Dicas:

- Alguns sites têm acesso bloqueado, como Facebook, Youtube, Vimeo e Blogspot, caso necessite acessá-los da China deverá possuir algum proxy ou VPN (este é mais simples de operar) e terá que fazê-lo antes de entrar na China pois muitos proxies e VPN’s também têm o acesso bloqueado;

- Muitos mapas para GPS possuem o chamado “offset” (diferença de muitos metros, cerca de 500m do local onde se está em relação ao que está marcado no mapa do GPS);

- A renovação de visto só pode ser feita nos PSB – Police Station Bureau de cidades, vale enfatizar que muitas “cidades” não são realmente cidades, mas fazem parte de um conjunto de municípios que possuem uma cidade central, por exemplo, tentamos renovar em Dafang mas só pudemos fazê-lo em Bijie, tentamos renovar em Puding, mas só poderíamos ter renovado em Anshun. Em Bijie, com tranquilidade e em menos de 1 hora estávamos com o visto renovado, o custo foi de 369 RMB por pessoa;

- Na província de Guizhou, nesta época do ano, alguns locais são bastante frios e úmidos, especialmente nos pontos altos por onde passamos. É importante se preparar para enfrentar os frios nas mãos, pés e no rosto.

Equipamentos:

- Compramos uma bota aveludada bastante utilizada pela população local, pode ser encontrada em muitos vilarejos até o número 42 do Brasil ou 27 da China no valor de, em média, 26 RMB = cerca de 7 R$.

1 comments:

Pat disse...

Que surpresa mais que agradável dar de topo com um cânion desses!

Postar um comentário

 
Design by Wordpress Theme | Bloggerized by Free Blogger Templates | free samples without surveys