28 de dez. de 2012

Tudo volta para onde começou


De Fès, Marrocos, a Barcelona, Espanha. De 30/11/2012 a 28/12/2012

Último capítulo desta primeira temporada, por isso merece algumas linhas a mais, não? Nas novelas, o último capítulo é cheio de revelações e emoções e nossa história não foi diferente, por ironia do destino, já que eu estava desejando que nosso último mês de pedaladas fosse de muita sombra e água fresca. Longe disso.
Já faz tempo que não postamos, então vale recapitular. Paramos em Fès e lá esperamos alguns dias até que o péssimo tempo melhorasse por ali e nos arredores. Muita chuva nas partes baixas e muita neve e frio nas montanhas. Até que este tempinho parado não foi ruim, não. Já estamos reduzindo a marcha, ao menos tentando.
Partimos sob céu azul e sol brilhante em direção ao Médio Atlas. De 400m de Fes, subimos até a cidade seguinte, Immouzer Kandar, a 1.400m. A neve foi surgindo aos poucos até que dominou completamente a paisagem. Apenas a estrada não estava coberta de neve, mas sim forrada de carros com famílias alegres de estarem vendo a primeira neve do inverno.


29 de nov. de 2012

Foi "fixi"


De Lisboa, Portugal a Fes, Marrocos. De 07/11/2012 a 29/11/2012.

“Fixi” foi o que mais ouvíamos dos jovens lisboetas e moradores de Lisboa, e quer dizer legal, “da hora”. E nossa estadia por Lisboa foi bem movimentada, entre muitos jovens, alguns estrangeiros como nós, outros não, todos na grande casa de Jêrome – francês morador de Lisboa que nos recebeu em sua casa-cinema-yoga-etc.. Tudo isso porque em sua casa além de receber estrangeiros ainda tinha tudo isso de atividades. Ufa! Foi agitado para nós!


15 de nov. de 2012

Vídeo IX - Armênia e Geórgia

Veja o vídeo da Armênia e Geórgia no menu de vídeos!

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Check the video of Armenia and Georgia in the video menu!

6 de nov. de 2012

Terra à vista!


De Toulouse, França a Lisboa, Portugal - De 15/10/2012 a 06/11/2012

Ah, Toulouse, tantos quilômetros de onde estamos! Partimos da casa de Gérard e Thérèse já com saudade das longas e boas conversar, do bom vinho e do Cassoulet.
Seguimos em direção aos Pirineus, local de muitas disputas entre os ciclistas do Tour de France e lá estávamos nós, a 5 ou 6 km/h em um dos famosos passos pelo qual ciclistas de ponta sobem a mais de 30 km/h! A inclinação era grande, mas o que pegou mesmo foi o vento! Rajadas de vento incrivelmente fortes nos desequilibravam da bike, mesmo com o peso de toda a bagagem. No primeiro passo, a 1.350m, o vento era tanto que tínhamos que gritar para conversarmos e decidirmos o que fazer: continuar até o segundo passo, a mais de 1.500 m ou descer e buscar abrigo naquele fim de tarde? Nenhuma garantia que no dia seguinte o vento seria mais fraco e o céu estaria limpo, mas a previsão era de chuva, então decidimos acabar logo com esta dura etapa e seguimos. Estrada quase deserta, sem cidade, sem casas, sem nada, só o barulhento vento, silenciosas montanhas. E nós. Incrivelmente o vento diminuiu e passamos o segundo passo com mais tranquilidade, alívio e felicidade. Aquele passo marcou nossa travessia da França para Espanha, e que passagem! Tão duro quanto a relação do povo daquela região basca com seus governos. Ainda na França, as placas eram bilíngues – francês e euskara (idioma basco), língua única, não similar a nenhuma outra no mundo. A única palavra que aprendemos é elisa, que significa igreja.


Vídeo VIII - Irã / Video VIII - Iran


Vejam na lista de vídeos o novo vídeo do Irã

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14 de out. de 2012

Bonjour Chuvas!


De Estrasburgo a Toulouse, França – De 28/09/2012 a 12/10/2012

As chuvas chegaram pra valer! Mas as chuvas agora não são mais grandes problemas. Conseguimos nos virar bem nas chuvas frequentes que pegamos pela França, pois em sua maioria não foram muito fortes e com as roupas técnicas (com boa “transpirabilidade” e proteção à água) a vida nossa se torna confortável diante deste antes tão temido evento natural.
Mas nem tudo é chuva por aqui! Ficamos encantados pela paixão que o povo francês tem pelo queijo, vinho e outros produtos, muitos deles vindos das fazendas e pequenas fábricas rurais por onde passamos. Vimos várias vezes placas nas entradas das fazendas convidando as pessoas para provarem seus produtos e compra-los ali, diretamente.
Não vou me atrever em detalhar como eles fazem seus queijos, vinhos, pães, pois um toque especialmente francês é o que não falta! Mas provamos alguns queijos nos nossos lanches de almoço: Coulommiers, Camembert e “Fromage du Chèvre” (queijo de cabra).
Quando paramos  nas casas de pessoas que nos oferecem comida provamos diferentes comidas como pato assado e foie gras, afinal de contas nossas pedaladas exigem muita energia, essa é uma boa justificativa para comermos tudo isso!

30 de set. de 2012

E o verão chega ao fim!

De Szeged, Hungria, a Estrasburgo, França – De 05/09/2012 a 27/09/2012
De Szeged, na Hungria, seguimos sempre a Oeste, pelo Sul do país. Cruzamos várias cidades e vilas e todas eram muito agradáveis, limpas, silenciosas e organizadas. O que gostamos foi que havia muitas ciclovias, inclusive nas estradas, quando havia dois vilarejos próximos. Mas o melhor mesmo é que, quando não havia ciclovia e os ciclistas tinham que circular pelas ruas junto aos carros, um respeitava o outro. Aliás, automóveis, bicicletas e pedestres parecem viver em harmonia por aqui. Nas estradas sem acostamento, os carros sempre esperavam atrás de nós até que fosse seguro nos ultrapassar, como se fôssemos um carro. O mesmo ocorreu em grande parte dos países seguintes.



Cruzamos a fronteira e, pela primeira vez, não havia guardas e nem checagem de passaporte, apenas uma placa “Slovenjia” e estávamos na Eslovênia! E que país! Logo de cara pensamos que estávamos em um país de mentira. As cidades pareciam feitas de casas de bonecas, sempre bem cuidadas, impecavelmente limpas e com jardins floridos e arrumados. Incrivelmente o país inteiro foi assim. Simplesmente andar pelas cidades e vilas já foi uma atração. Passamos por cidades históricas, com arquitetura antiga, ruas estreitas, igrejas, castelos e fortes, assim como por vilarejos rurais, com criação animal de alta tecnologia e, principalmente o Marcos, agrônomo, ficou impressionado com a organização e limpeza desses lugares.
O país parece conservar muito suas florestas, pois acampamos todos os dias em uma delas. Os rios que cruzavam as cidades eram cristalinos e limpos e dava gosto de ver. O país parece, mesmo, um conto de fadas. Claro que a época que pegamos ajudou muito. Final de verão, já com clima de outono – céu azul, manhãs e noites um pouco frias e dias ensolarados e quentes. Metade do ano o país deve ficar coberto de neve e o conto de fadas termina para mim, mas para quem curte o frio, cruzamos vários centros de esquis nas belas montanhas ainda com grama, mas que em poucas semanas estarão branquinhas. 
O povo é uma mistura de seriedade e simpatia e várias pessoas nos ofereceram ajuda quando estávamos olhando o mapa. As senhoras, principalmente, sempre que nos viam sorriam e achavam graça. Muitas delas, inclusive, de bicicleta. As pessoas mais velhas usam muito bicicleta por aqui, alguns saem da bicicleta e pegam a bengala para andar! Além de termos cruzado com dezenas de ciclistas locais, encontramos centenas de motociclistas da Europa toda. Por sorte, muitos falam inglês por aqui, então não foi preciso aprender Esloveno que nos soou uma mistura de italiano com russo!
Cruzamos a fronteira com a Itália e muitas coisas mudaram inclusive o tempo, que fechou para nós em muitos sentidos. A chuva fria e forte carregou boa parte da simpatia que encontramos na Eslovênia. Nossa experiência com o povo daqui não foi das melhores e ainda esperamos mudar nossa visão daqui. Chegamos com a visão dos animados e simpáticos descendentes de italianos que há no Brasil, mas encontramos o oposto e ficamos desanimados logo de cara. Mas as belíssimas paisagens dos Dolomites e dos Alpes italianos nos deram energia e seguimos cruzando seguidos passos até mais um país, a Áustria, onde ficamos apenas dois dias. Uma pena, pois por aqui o povo é muito educado e sempre ouvimos bom dia, oi e olá, inclusive das crianças.
Entramos, então, na Alemanha e as coisas continuaram boas para o nosso lado. Sérios, claro, mas educados e simpáticos são os alemães também. Nem todos falam inglês, como sempre ouvimos por aí, especialmente em pequenos vilarejos e fazendas. Mas muitos falam ao menos um pouco, o que facilita, já que a língua alemã é bem diferente de tudo que encontramos até então. 
Ficamos um dia na casa do simpático casal Ben e Monika, em Friedrichshafen, bela cidade à beira do Lago Boden (Bodensee). Aproveitamos a paradinha e compramos boas roupas quentes e à prova de chuva, enfim! Por aqui realmente chove muito e agora com essas roupas as chuvas não nos assustam tanto, mas o frio ainda bota medo, por isso continuamos fortes no pedal para fugirmos das grandes neves. Enquanto tentamos fugir daqui, os europeus seguem se preparando para o frio que vem. Vimos pilhas e mais pilhas de madeira e até ficamos surpresos de ver que tantas pessoas por aqui ainda se aquecem com madeira. Além disso, rolos e mais rolos de feno para alimentarem os animais no inverno.
Por incrível que pareça, muitas coisas aqui pelo Oeste Europeu ainda são mais baratas que no Brasil. Ainda achamos muitas coisas baratas e boas para comer, como aveia, leite, pão, queijo, arroz e ainda os deliciosos cremes de chocolate e avelã. As Frutas e verduras são não baratas por aqui. Nessas horas ficamos tristes em ver que nosso Brasil é caro e que o povo tem pouquíssimo retorno...
Deixemos as lamentações de lado! Já a poucos metros da fronteira com a França, avistamos o imenso e famoso Rio Reno. Passamos pela ponte que divide os dois países um pouco tristes por termos de deixar a Alemanha, mas felizes por poder entender as placas em francês e com esperança de poder desenferrujar nosso francês meio tosco. Sem contar que estávamos prestes a reencontrarmos amigos de pedal logo mais!
Chegamos, então, a Strasbourg, cidade com influência alemã, já que foi alvo de disputas e passou pelas mãos de franceses e alemães diversas vezes. Aqui moram Jef e Isa, casal que encontramos no Laos, também de bike, em Dezembro. Na primeira noite ficamos horas e horas conversando sobre as histórias dos países que cruzamos em comum, dando muita risada, comendo chucrute, queijo e torta doce de queijo e, claro, não poderia faltar o famoso vinho. Ótima recepção ao estilo francês! Os dias que se seguiram também foram recheados de ótimas comidas e muitas conversas e risadas. Provamos o verdadeiro croissant francês e o tão falado Foie Gras – fígado de ganso. Bem gostoso, mas só de lembrar como é feito não tenho vontade de comer.
Nossa viagem seguirá, então pela França, onde ficaremos mais tempo que nos outros países, até alcançarmos outra grande cadeia de montanhas, os Pirineus, e chegarmos à Espanha!  Très bien!

Algumas cidades visitadas: Hungria – Szeged, Baja, Bonyhád, Dombóvár, Bohonye, Nagykanizsa; Eslovênia - Lendava, Ptuj, Sentjur, Celje, Kamnik, Skofja Loka, Nova Gorica; Itália – Palmanova, Codroipo, Spilimbergo, Maniago, Longarone, Auronzo di Cadore, Vipiteno; Austria – Brenner, Innsbruck, Telfs, Lermoos, Reutte; Alemanha – Nesselwang, Kempten, Friedrichshafen, Tuttlingen; França – Strasbourg.

Dicas:

Equipamentos:
- Bolsa para bicicleta: tivemos problema com a bolsa Aqua Back Plus da Vaude. Entramos em contato com eles e recebemos um novo par pelo correio.
- Bolsa de água: tivemos problema com a bolsa de água de 10 L da Ortlieb. Entramos em contato com eles e também recebemos uma nova bolsa.
- Suporte de GPS da Garmin: Caro e fraco, quebrou. Entramos em contato com a Garmin, mas tivemos pouco auxílio. Há uma marca que faz suporte para vários GPS que parece ser mais forte – RAM.

Estradas:
- Aconselhamos aos ciclistas procurarem sempre por estradas pequenas (atravessando pequenas vilas) e/ou ciclovias sinalizadas, na Alemanha é possível encontrar mapas à venda de trajetos por vários países da Europa para circulação exclusiva de bicicletas.

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3 de set. de 2012

Bem vindo à Europa

De Istanbul a Szeged – de 12/08/2012 a 02/09/2012

Após a turbulenta saída de Istanbul (com chuva e carros) atravessamos a parte europeia da Turquia com tranquilidade por uma estrada menor, cruzamos com ciclistas estrangeiros quase todos os dias! Belas florestas e pouco movimento nos deram boas oportunidades para acampar. Para chegar até a Bulgária optamos por pegar uma estrada menos movimentada na Grécia. No caminho cruzamos um casal francês de bicicleta que nos deu mapas da Hungria e da Romênia e demos o nosso da Turquia. Tenho lá minhas dúvidas se vimos uma viva alma grega – estrada e ruas desertas! Mas tudo bem, que fique para outra oportunidade.

10 de ago. de 2012

Vento de Oeste



De Batumi a Istanbul – de 21/07/2012 a 11/08/2012


Após a rápida e simples entrada na Turquia, seguimos pela costa do Mar Negro sempre com vento de oeste, ou seja, contra, o que dificultava bastante a pedalada. Acampamos a primeira noite na praia, onde nos banhamos pela manhã e tiramos o sal com águas da montanha. Apesar de toda essa mordomia, as noites à beira mar foram muito quentes dentro da barraca e difíceis de dormir. Logo desviamos para as montanhas, pois pedalar o dia todo à beira do mar é torturante, já que o mar está ali o tempo todo e só o que se quer é ficar dentro dele e não fora, mas desse jeito não chegamos a lugar nenhum, a não ser que troquemos as bikes por pés de pato. Então nos despedimos do mar, por hora, e subimos até 2.200 m. Antes disso, descansamos um dia em um vilarejo – Alancik - acampados no quintal de uma simpática família e aproveitamos a proximidade com o rio para nadar. Ainda vento de oeste.
No caminho, tivemos contato com árvores de avelã! Que novidade para nós. Ganhamos um saco repleto delas e temos nos deliciado com os cremes de chocolate e avelã que comemos com pão. Aliás, pão aqui é o que não falta, de todos os formatos e tamanhos, os quais são expostos em vitrines de vidro. Outra comida farta por aqui são os pêssegos imensos, laranjas e suculentos! Ganhamos quilos e mais quilos! As macieiras, tomateiros, uveiras, pereiras e ameixeiras também estão pesadas de tanto fruto.


Ao longo do dia nos deliciamos com tudo isso, mas somente nós, pois grande parte dos turcos está fazendo o Ramadan. Durante 30 dias eles fazem jejum e só comem e bebem (e fumam, os fumantes) quando o sol nasce e quando o sol se põe. Neste ano o Ramadan é bem no verão, o que significa 17h sem colocar nada dentro do corpo! Presenciamos várias famílias praticando o Ramadan e certa angústia ao olharem o relógio e a alegria quando é hora de comer e beber. Essa não é uma hora muito feliz para mim e para o Marcos, pois o anúncio é feito no mosteiro e emitido pelas dezenas de megafones, em altas torres, espalhados pelas cidades e vilarejos. Então, lá pelas 4h da manhã, quando estamos perto de uma das torres com megafone (quase sempre, pois há muitas, acredite!), acordamos e só dormimos quando o anúncio termina. Nestes últimos dias isso significa mais de 10 minutos cantando e entoando frases religiosas. Bom, mas deixemos isso pra lá e falemos um pouco mais sobre o Ramadan. É uma prática muçulmana que, segundo eles, é um período para reflexão, ajuda a limpar o corpo, e ensina o autocontrole e disciplina, entre outros benefícios. Claro que nem todos podem fazer esta prática, como pessoas debilitadas ou que estejam viajando, por exemplo.
A caminho de Istanbul, encontramos uma dupla francesa, Thomas e Marian, com quem pedalamos um dia, no qual, segundo o bem humorado Thomas, parecia que estávamos pedalando contra um imenso secador de cabelo. Vento contra incrivelmente quente! À noite, fizemos um grande acampamento à beira do rio. Infelizmente nos despedimos na manhã seguinte, pois eles tiveram de pegar um ônibus até a capital, Ancara, onde um deles pegaria um avião para a França.


Após 750 km, paramos em Bolu, onde ficamos na casa do Yasin, que também já viajou bastante pelo mundo a fora. Ficamos um dia para esticar as pernas e, finalmente, decidimos parar por uns dias na grande e bela Istanbul. Seguimos mais 300 km por estradas secundárias e mais silenciosas até chegarmos a Yalova, cidade na costa, oposta à Istanbul, onde pegamos um barco até a muvuca, ou para ficar mais bonito, a antiga Constantinopla, antiga capital do império Bizantino. Esta é a última cidade na Ásia, pois parte desta cidade fica neste continente e parte fica na Europa. A divisão dos dois continentes é feita pelo estreito de Bósforo, que liga os mares Negro e Marmara. Os vestibulandos vão adorar esta postagem, não? Só mais uma: a capital da Turquia é Ancara! Fácil de confundir... tantas pessoas ficam assustadas quando falamos que a capital do Brasil não é o Rio de Janeiro e nem São Paulo!
Em Istanbul, ficamos hospedados na casa do Kerem, ciclista que já recebeu dezenas de ciclistas do mundo inteiro. Para nossa surpresa, ele estava viajando, mas deixou a casa sob responsabilidade do Thomas, francês que conhecemos na estrada. Então, ficamos eu, Marcos, Thomas, sua irmã Clara, seu namorado Fabian e Sam, inglês que também encontramos na estrada e que pedalou muitos quilômetros junto com Thomas antes de nós! Uma república internacional, muito divertido!
Em Istanbul, nos juntamos a outros milhares de turistas e fomos passear pela parte antiga da cidade. Nunca tínhamos visto tantos turistas em uma só cidade! Visitamos mosteiros, castelos e o grande bazar coberto, onde paramos para apreciar uma vitrine com joias de ouro. Mas nosso interesse não eram as joias, mas sim as diversas bandeiras do Brasil lá expostas. Logo um senhor veio nos cumprimentar e perguntou, em bom português, se éramos brasileiros. Oscar era o seu nome, descendente de turco, poliglota (fala “apenas” 8 línguas fluentemente, além de outras que usa para vendas, somente) e que mora há 30 anos em Istanbul. Tomamos um delicioso chá de maçã e seguimos pelo labirinto do grande bazar. Istanbul é realmente uma cidade fascinante e cheia de surpresas!
A viagem pela Ásia terminou por aqui. Agora seguiremos para o outro lado do Estreito de Bósforo, na Europa, em direção à Bulgária e esperemos que os ventos continuem nos trazendo boas experiências!

Algumas cidades visitadas: Trabzon, Giresun, Amasya, Bolu, Yalova, Istanbul.

Curiosidades:

- Os homens, ao se cumprimentarem, dão as mãos batem a testa, primeiro um lado e depois o outro.

- Muitas cidades aproveitam das torres com caixas de som para fazer anúncios sobre atividades que são promovidas pela prefeitura. Tem até algumas cidades que anunciam mortes e o horário do enterro!


Dicas:

- As estradas maiores costumam ter bons e largos acostamentos mas costumam ser bastante movimentadas; alternativa como buscar estradas menores tornam as pedaladas mais agradáveis e interessantes;

- O verão na Turquia é bastante quente, especialmente ao longo das costas (norte e sul). O inverno é bastante frio e tem muita neve;

- Chegar em Istanbul pedalando é um tanto insano. Atravessar a ponte que liga a parte europeia da asiática é proibido para ciclistas, apesar de alguns ciclistas terem feito isso aos olhos dos policiais, mas é muito perigoso, pois não há acostamento. O ideal é ir até o Estreito de Bósforo e pegar um dos ferry boat. Para sair de Istanbul em direção à Ásia ou chegar de lá, há diversas cidades ao longo da costa do Mar de Mármara que tem ferry boats para Istanbul, onde só é preciso encostar as bikes em um canto, nada de empacotar e etc. A cidade mais próxima de Istanbul onde se pode pegar o barco é Yalova. Pagamos 11 Liras turcas (7 USD) pelo barco – 6 pelas bikes e 5 para nós;

- Em Istanbul, há bom transporte público, com trens, ônibus e barcos. Este atravessa o estreito de Bósforo, saindo e chegando a diversos portos espalhados pela costa.

- Vá preparado para gastar um pouco de dinheiro, caso vá fazer turismo em Istanbul. As entradas são um tanto salgadas - 20 Liras (11 USD) em dias de semana e 25 Liras nos finais de semana. Algumas atrações como o Blue Mosque, são de graça.

Veja mais fotos no albúm

4 de ago. de 2012

Vídeo VII - Uzbequistão / Uzbekistan



Veja o novo vídeo - Uzbequistão - aqui!

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19 de jul. de 2012

“Pra lá de Bagdá”


De 03/07/2012 a 19/07/2012 – De Tabriz a Batumi

De Tabriz, no Irã seguimos por uma estrada para a Armênia que logo virou uma pedregosa e íngreme estrada. No topo da montanha a tempestade se formou e vimos povos nômades numa movimentação maluca para tentar se proteger da chuva, nada diferente de nós. Conseguimos abrigo num vilarejo e o tempo se abriu rapidamente, depois de uma xícara de chá com cubos de açúcar.

Nômades no alto da montanha

Nossa ideia era cruzar Armênia e Geórgia para conhecer outros países, sem pedalar muito mais do planejado, que seria ir do Irã diretamente para a Turquia. Está sendo ótimo, pois as paisagens, as pessoas e tudo mais tem sido incríveis, mesmo tendo que cruzar estradas dificultosas. São nessas estradas difíceis é que conseguimos descobrir muitas belezas pouco desvendadas e sem muita interferência humana para tomar banho nas bicas d’água e acampar.
Pegamos o visto mais rápido (10 minutos para emitir) e o mais barato (7,5 USD) de toda a viagem: o visto da Armênia na fronteira com o Irã. E aproveitamos bem esta passagem pelo país: no primeiro dia na Armênia jantamos um churrascão – dia 5 de Julho comemora-se o Dia da Constituição e ainda era aniversário de uma das moças que nos recebeu, motivo em dobro para comemorar com a família que estava “pra lá de Bagdá” de vodca, conhaque e vinho. Experimentamos o vinho de cereja e dormimos por ali mesmo.
Por falar em cereja, as cerejas verdes que vimos no Uzbequistão estão maduras por aqui, assim como os deliciosos damascos e amoras (brancas e roxas) espalhados pelas estradas. Esperamos que as maçãs, pêras e ameixas, ainda verdes por aqui estejam maduras no próximo país.
Além das frutas, a estação das flores está a mil! Flores do campo por todos os cantos, assim como abelhas e apicultores.

Amora gigante

Subimos, descemos, subimos, descemos, passamos por Kapan, dormimos e descansamos duas noites na agradável cidade de Goris num Bed and Breakfast (sem breakfast) muito arrumado. A partir daí cruzamos com muitos estrangeiros de bicicleta: holandeses, alemães, franceses e uma turma polonesa de carro e bicicletas. Num dos sobe-desce descemos até o belíssimo Lago Sevan, acampamos numa mata próxima ao lago, pesadelo: milhares de pernilongos famintos para todos os lados ao nosso redor, pior mesmo foram somente os pernilongos da Geórgia na floresta de pinheiros no caminho entre Adigeni e Khulo, onde atravessamos outro duro passo por estrada de terra.
Na Geórgia vimos alguns fortes, muitas igrejas católicas e curiosos vilarejos no meio das montanhas. Cruzamos a fronteira da Armênia com a Geórgia pelo vilarejo de Bavra na Armênia, rapidamente também, não precisamos de visto, somente de um carimbo. Depois de 15 minutos já estávamos na Geórgia, que frio e úmido que estava por ali! O clima foi esquentando e melhorando conforme fomos seguindo pelas montanhas e baixadas. Do topo do passo Goderdzi descemos até Batumi, e do topo até 20 km abaixo pela péssima estrada de pedra e terra tivemos uma companhia canina, o Brazuca, que nos seguiu, não sabemos ainda o porquê. Quando parávamos ele ia direto pra sombra, bebia as águas que escorriam das pedras e refrescava as patas e barriga na água que corria na beira da estrada, parece ter se divertido bastante! 

Amigo Brazuca

Finalmente chegamos quase na fronteira com a Turquia, na bela cidade de Batumi, na beira do Mar Negro com suas belíssimas praias, uma grande atração turística.
Pra finalizar nossa passagem pela Geórgia demos um mergulho no Mar Negro: praia de pedras e água morna. Nada como um banho para lavar a alma!
Turquia: aí vamos nós!

Algumas cidades visitadas: Norduz – Irã; Meghri, Kapan, Goris, Martuni, Dilijan, Vanadzor, Gyumri – Armênia; Ninotsiminda, Akhalkalaki, Aspindza, Akhaltsikhe, Adigeni, Khulo, Keda, Batumi - Geórgia

Curiosidades:
- Compramos o mesmo remédio para verme que há no Brasil, mas a diferença de preço foi gritante. O preço de um comprimido no Brasil custa o mesmo que 100 comprimidos no Irã! Nessas horas notamos como a indústria farmacêutica rouba!

- A vodka é bastante consumida pela Geórgia e Armênia, mas na Armênia o conhaque é o mais famoso e na Geórgia o vinho;

- O chá no Irã é consumido com açúcar em cubo, colocam-se os cubinhos na boca e depois o chá, já na Geórgia e Armênia o café da América do Sul faz sucesso, mas sem coar, bebe-se a parte líquida e o pó fica no fundo da xícara (chamado de soorch na Armênia);

- Vimos em várias mercearias enlatados de carne bovina vinda do Brasil;

- Vimos pães com formato estranho alongado e curvo aqui na Geórgia.

Dicas:

Dinheiro:
Na fronteira com o Irã com a Armênia há cambistas que trocam dólar e rial por dram, mas a um valor de 3 a 5% superior ao encontrado nos bancos. Entre com um pouco de dram, pois o visto (3.000 drams) deve ser pago nesta moeda.

Vistos:
Armênia: na fronteira com o Irã, por 3.000 drams. Nem foto foi necessário.
Geórgia: Brasileiros, assim como muitas outras nacionalidades, não precisam de visto.

Telefonia Irã: Caso você queira fazer ligação internacional com o chip iraniano, é preciso solicitar no ato da compra. Sem custo nenhum custo isso será feito. Ligações dentro do Irão são muito baratas, em torno de 1.000 Rial/minuto (0,07 USD – varia em função da taxa de câmbio), mesmo para outras províncias. SMS custa 160 Rial. Ligações para o Brasil são também baratas – em torno de 3.000 Rial/minuto (0,15 USD). Nessas horas notamos como as companhias de telefonia no Brasil rouba!

Acampamento e noites de sono:
- Repelente é importante, tivemos perturbações por pernilongos;

- As pessoas são bem amigáveis, nas regiões mais montanhosas onde costuma ser mais difícil acampar pedimos para montar a barraca nos jardins das casas;

- Os hotéis não costumam ser tão baratos quanto nos países anteriores - em média USD 10-20 por pessoa (os mais baratos);


Clima:
- Faz calor de mais de 30°C nesta época do ano, especialmente nos locais mais baixos. Nas montanhas o clima tem sido mais ameno e algumas vezes úmido – Geórgia e Armênia.

Estradas:
- Na Geórgia existem, teoricamente, algumas estradas alternativas, mas na verdade nem todas são estradas asfaltadas mesmo estando nos mapas oficiais, convém verificar bem antes de fazer escolhas.

Internet:
- A internet na Armênia e Geórgia tem sido rápida, mesmo com conexões Wi-fi.

VEJA MAIS FOTOS NOS ÁLBUNS: IRÃ, ARMÊNIA E GEÓRGIA

15 de jul. de 2012

Vídeo Quirguistão / Kyrgyzstan!




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2 de jul. de 2012

Sem "tarof"!

De 10/06 a 02/07/2012 - De Isfahan a Tabriz

Anzali

Após tantos dias longe das bikes, retomamos nossa jornada sobre duas rodas indo em direção a Hamedan, onde ficamos com mais uma bela família iraniana. Siavash e sua família nos receberam muito bem! Provamos e nos deliciamos com as diversas comidas iranianas preparadas por sua mãe e tia, além de visitarmos alguns pontos turísticos com seu irmão e primos.
Seguidos caminho rumo a Tabriz, última grande cidade antes das fronteiras com o Azerbaijão, Armênia e Turquia. Mais uma vez, escolhemos seguir por pequenas estradas no meio da montanha e não grandes rodovias planas, barulhentas, monótonas e fedorentas de fumaça de caminhões e ônibus velhos. Foi uma boa escolha, pois as paisagens eram deslumbrantes e passamos por diversos vilarejos isolados e com povo diferente do que víamos. Parte deles era os curdos, não tão bem falados aqui no Irã, assim como pelo mundo, mas a região por onde passamos estava em paz. Os homens vestiam calças largas, panos na cintura e na cabeça, e as mulheres não vestem o chador (lenço preto que cobre o corpo todo), mas sim lenço colorido apenas na cabeça. No final de semana iraniano (quinta e sexta) vimos diversas festas de casamento, nas quais as mulheres se vestem com roupas coloridas, como odaliscas.


Após alguns dias distantes de grandes centros, nos aproximamos de Tabriz e tudo mudou novamente, pois por aqui o povo é Azari e fala outra língua, não o Farsi, ou Persa. Assim como os curdos, esta etnia também deseja criar seu próprio país!
A chegada a Tabriz foi meio caótica, pois a cidade é grande e o trânsito não é dos mais organizados. Mas tudo valeu a pena, pois aqui viemos nos encontrar com nosso amigo Reza, que encontramos em Kashan no início da nossa jornada no Irã. Agora, já no final desta, revemos nosso novo e grande amigo. Além de conhecermos um pouco Tabriz e visitarmos uma vila exótica chamada Kandovan, viajamos com ele 800 km até Teerã, capital do país, cidade onde ele mora. Esta viagem durou dois dias, pois fomos pelas belas montanhas que fazem fronteira com o Azerbaijão e pelo Mar Cáspio. Conhecemos como é uma praia iraniana. A área onde as mulheres podem se banhar é completamente protegida por lonas, pois elas não podem se banhar junto com homens e quem se meter a fuxicar por lá é severamente punido. Nestas áreas, as mulheres podem usar roupas de banho e ficarem à vontade. A área dos homens é aberta, mas não é em toda a praia que é possível nadar, por isso eles ficam todos numa área só, como numa piscina salgada. Após esta breve visita, seguimos para outra cidade na costa, Anzali, e fizemos um passeio de lancha para visitarmos tipo um pantanal salgado e o porto local.

Praia iraniana

Kandovan

No dia seguinte chegamos, enfim, em Teerã! Me senti em São Paulo, com prédios, avenidas imensas, trânsito e tudo o mais. Por aqui as moças não usam muito o chador, mas sim lenços coloridos, pintam o cabelo e usam mais maquiagem, o que sempre é questionado pela polícia.
Para completar a festa, nosso amigo Sina, de Shahin Shahr, foi para Teerã nos vistar. Ficamos três dias na capital e visitamos o imenso bazar (10 km de ruas cobertas – um labirinto!) e vários museus num complexo onde o último rei (shah) iraniano vivia antes da revolução. Um deles foi o mais fantástico, sobre os irmãos Omidvar, os quais, na década de 1950, partiram de moto para uma viagem pelo mundo que durou 7 anos. Eles visitaram, inclusive, muitas tribos na Amazônia. Após esta viagem, eles partiram para uma viagem de carro, que durou 3 anos, pela África!


Irmãos Omidvar



A partida para Tabriz foi um tanto triste após nos despedirmos do Reza, seu filho Vahid, e Sina. Nossa passagem no Irão foi repleta de despedidas, mas temos de seguir caminho e o plano agora é partir para nosso novo destino, a Armênia!

Algumas cidades visitadas: Tabriz, Kandovan, Anzali, Teerã, Chalus

Curiosidades:

- É comum encontrar água potável, gelada e livre nas ruas, rodoviárias, parques, museus e etc. Isso pelo fato de um dos 12 Imans ter morrido de sede.


- A velocidade da internet é muito baixa, pois é limitada pelo governo.


- É cultural entre os iranianos ter "tarof", palavra sem tradução. Resumindo, é oferecer demais por educação. É comum, em algumas lojas e taxis, as pessoas, a princípio, não quererem aceitar o pagemento. Mas não é preciso falar a segunda vez para eles aceitarem.

VEJA MAIS FOTOS AQUI!



9 de jun. de 2012

Um “merci” à história persa

De 25/05/2012 a   09/06/2012 – De Teerã a Shiraz


“Merci” quer dizer obrigado em farsi, a língua oficial do Irã, assim como em francês. A língua, assim como outras formas de expressão como a arte, a música, a religião sofreram influência de diversos povos, portanto não será difícil ouvir expressões e palavras de origem francesa (“merci”) e árabe, por exemplo. Aqui foi o berço da civilização persa e possui ainda muitos traços das antigas civilizações. O povo iraniano é acolhedor, amigável e talentoso em receber visitas em suas casas, por isso e por muitas outras razões iremos dizer muitos “mercis” ainda. Talvez tudo isso seja uma herança de Ciro o grande e todo o seu respeito aos povos com suas diferentes culturas durante seu reinado.
Nossas pedaladas começaram a partir do aeroporto internacional de Teerã - Imam Khomeini, já distante 35 km da capital: “Ufa!”, parece que Teerã não tem um bom trânsito para bicicletas. Foram cansativos os preparativos para o voo de Tashkent para Teerã: bicicletas e bagagens a serem empacotadas, noite no aeroporto... mas enfim tudo terminou bem.
Montamos nas bikes e seguimos por 20 km até pararmos para dormir no segundo andar de uma lanchonete, onde um ratinho correu pelos cantos, mas nada demais, demos um jeito de montar a barraca ali mesmo, e deu certo! No dia seguinte ao acordarmos vimos barracas montadas do lado de fora da lanchonete e tudo estava diferente: a maioria das mulheres todas cobertas com roupas pretas (chador), a língua farsi e as comidas. Mais alguns quilômetros rodados e descobriríamos que é comum os viajantes pararem em locais próximos a estrada reservado para camping e piquenique, normalmente estes locais são próximos às entradas das cidades. Algumas vezes vimos multidões de pessoas acampando e fazendo piquenique de dia, de noite e de madrugada.


Nossa primeira etapa de pedalada foi até a cidade de Shahin Shahr, passando por Qom – uma das cidades mais religiosas do país por ter escolas de teologia e filosofia e ser a cidade de formação do principal líder do país nos tempos modernos – diferente, e confesso que ficamos um pouco acuados, pois estávamos e éramos bem diferentes por ali. A passagem por Kashan foi muito agradável, pois no caminho até lá conhecemos Reza, que se tornou um grande apoiador da nossa viagem e amigo. De Kashan, Reza nos levou até Qamsar, pequeno vilarejo onde dormimos. Conhecemos a interessante fama de Qamsar ser um vilarejo que produz água de rosas para o uso regional e até internacional, muito utilizada no setor alimentício e cosmético.


Conhecemos Kashan: jardins, mansões, bazares e também provamos o kebab iraniano. Fomos até Abyaneh – antiquíssimo vilarejo no meio das montanhas com cultura, língua (antigo persa), religião (zoroastrismo) e hábitos muito peculiares e diferentes do iraniano, quase outro país. Com mais de 5.000 anos de existência, o difícil e talvez inimaginável acesso a este vilarejo fez com que o mesmo ficasse isolado e desconhecido por muitos anos de modo a preservar sua antiquíssima cultura até os dias de hoje, sem a influência e o contato com as grandes civilizações dominantes na época.


De Qamsar (1.700 m de altitude) optamos pela estrada no meio das montanhas para chegarmos a Shahin Shahr, cidade vizinha à famosa Esfahan – “Esfahan nesf-é jahan” – “metade das belezas do mundo”, como disse Renier no século 16. Cruzamos vilarejos no meio das montanhas e chegamos aos inesperados 2.740 m de altitude. Mais um dia e estávamos em Shahin Shahr na casa de Sina e sua família, outro grande entusiasta e apoiador de nossa viagem, que nos levou para conhecer as belezas de Esfahan, como o Jameh Mosque, Sheikh Lotfallah Mosque, Eman Square, Eman Mosque, a Ponte Si-o-Se, o Bazar-e Bozorg, o Palácio Chehel Sotum e outros! Mas as amizades e a hospitalidade do povo iraniano não param por aí: Navid e Malihe em Yazd e Marjan e Mehdi em Shiraz, todos eles tem sido grandes apoiadores e companheiros ao longo da nossa jornada.
Nossa viagem sobre duas rodas deu um tempo para podermos explorar um pouco além do que iríamos explorar sobre duas rodas. Deixamos as bikes em Shahin Shahr e fomos de ônibus para Yazd e Shiraz, importantes cidades com historias riquíssimas e calor, muito calor! Yazd é uma das cidades mais antigas do mundo, é o centro do zoroastrismo e fica entre dois imensos desertos, o Lut e o Kavir. Já em Shiraz, uma das grandes atrações é Persépolis, local que foi o símbolo do Império Persa sob o comando de Ciro o Grande e depois de outros grandes imperadores como Dário I e Xerxes I e que, por fim, acabou nas mãos de Alexandre o grande que incendiou parte do complexo quando conquistou a Pérsia. Persépolis tinha como um dos objetivos reunir diferentes povos conquistados (com amplo salão para convidados), ao longo do império persa, através de festividades como o Nauryz ou Nauroz – evento de celebração da chegada da primavera (por volta de 21 de Março) e também guardar alguns artefatos preciosíssimos. Eram tantos que Alexandre o grande precisou de cerca de 3.000 camelos e mulas para colocar tudo aquilo para fora de Persépolis. Além de Persépolis visitamos as tumbas de dois dos maiores e mais famosos poetas iranianos: Hafez e Sadi, envoltas por esplêndidos e agradáveis jardins; próximo a Persépolis fomos até as impressionantes tumbas ditas serem de Dario I, Dario II, Artaxerxes I e Xerxes I no meio da montanha com escritas cuneiformes e com belas ilustrações esculpidas na montanha, realmente impressionante!
 

Nossa caminhada segue com nosso retorno a Esfahan para daí seguirmos pedalando na parte oeste do país, ondea ainde veremos outras cidades e locais históricos, belas paisagens e esperamos fazer muitas outras amizades também!

Algumas cidades visitadas: Qom, Kashan, Qamsar, Abyaneh, Meimeh, Shahin Shahr, Esfahan ou Isfahan, Yazd e Shiraz.

Dicas:

Dinheiro:
O dinheiro oficial do país é o Rial, mas a grande maioria das pessoas usa Toman, que é 10 vezes menos que o Rial. Então é sempre bom confirmar se o valor está em Toman ou Rial. É possível trocar dinheiro (dólar por rial) em bancos ou em escritórios de troca oficiais, o primeiro possui valor desvantajoso e as vezes cobram comissão, já nos escritórios o valor costuma ser vantajoso.

Alimentação:
- É comum alimentos como: chá preto, pães enormes redondos e bem finos, iogurtes salgados, iogurtes com água e hortelã, arroz com açafrão, hortelã, salsa, melão e melancia. Alguns fast foods são bem populares em algumas regiões como o hamburger e a pizza.

Acampamento e noites de sono:
- É possível encontrar espaços, normalmente nas entradas das cidades, onde viajantes param para dormir à noite (ou até mesmo de dia).

Clima:
- Faz calor de mais de 30°C nesta época do ano, especialmente no sul do país. Nas montanhas o clima tem sido mais ameno.

Estradas:
- Existem opções como as highways, com acostamento, que cruzam o país de norte a sul saindo de Teerã até o Golfo Pérsico assim como de leste a oeste. Rodamos por algumas highways como também por estradas menores, normalmente as menores (quando existe opção para seguir pelas menores) têm paisagens mais belas e exóticas;
- Áreas de descanso são muito utilizadas à beira dos desertos nas grandes rodovias: com lojas de comida, água gelada, restaurantes, mosteiro e posto de gasolina.

Internet:
- Muitos sites são bloqueados, como facebook, blogspot e qualquer outro que tenha alguma palavra filtrada pelo governo;
- É comum encontrarmos internet wi-fi nas casas.

Vistos:
Irã: Muitas nacionalidades podem aplicar sem convite (LOI – letter of invitation), mas com isso o processo é mais rápido na embaixada ou consulado. Adquirimos o convite em 10 dias, por meio da agência Stan Tours por 55 USD´cada. Após recebermos o código por email, fomos ao Consulado do Irã em Bishkek, Quirguistão, com duas fotos (mulheres devem estar com a cabeça coberta), cópia do passaporte e preenchemos um formulário. Eles solicitaram seguro viagem, então entregamos uma cópia do nosso seguro. Caso não tivéssemos, eles nos indicariam uma agência que providenciaria um seguro para o Irã.

Extensão do visto iraniano: Dizem que o melhor lugar para extensão de visto é Shiraz. Realmente foi muito fácil. Duas fotos, cópias do passaporte e visto iraniano, formulário e pagamento de 300.000 Rials (18 USD) num banco próximo e só. Conseguimos 30 dias a partir da data de vencimento do primeiro visto.

Curiosidades:
- Voltamos a ver (desde o Brasil não víamos) as pessoas usando xícaras;
- O garfo e a colher são bastante utilizados nas refeições, uma mão segura o garfo e a outra a colher, sem faca;
- As pessoas tem o costume de jantar às 23hs - 24hs, principalmente nesta época do ano (verão);
- Os parques ficam cheios nas madrugadas. As famílias sentem-se ou deitam-se nos gramados para conversar, comer muita melancia, pepino e tomar sorvete, muitos também se divertem jogando bola e brincando no lago. Os iranianos dizem que isso é a única diversão no país, pois o álcool é proibido e não há baladas. 
- É comum entre os homens usar barba e bigode, até que tenho me disfarçado bem como iraniano;
- Dentro dos ônibus municipais as mulheres sentam-se na parte de trás dos ônibus e os homens na parte da frente;
- É comum ver fotos de mártires da Guerra entre Irã e Iraque pelas ruas e também dos grandes líderes religiosos do país;
- Eles fazem muitas piadas e brincadeiras entre si: como com pessoas de outras cidades e regiões e com diferentes sotaques;
- É obrigatório o uso do lenço na cabeça por todas as mulheres, inclusive estrangeiras, apesar das regras serem mais flexíveis para estas;
- Existe uma cidade – Abadan que é fascinada por futebol, especialmente o futebol brasileiro, os uniformes, o brasão do time tem todos com as cores brasileiras.

VEJA MAIS FOTOS NO ÁLBUM 

23 de mai. de 2012

Vídeo V - Cazaquistão

Veja aqui o vídeo do Cazaquistão!

Uma viagem no tempo


De 13 a 23/05/2012 - Tashkent, Samarkand e Bukhara

Ainda estamos em Tashkent, mas já rodamos pelo Uzbequistão, visitamos belas cidades e aqui estamos de volta. A ideia era fazer tudo isso de bicicleta e cruzar o Turcomenistão para chegar ao Irã, mas nosso plano foi por água abaixo, pois o visto de trânsito para o Turcomenistão (o qual teríamos de cruzar em 5 dias) levaria ao menos 20 dias para talvez ser expedido. O pessoal do consulado não foi nada amigável e solícito e nossa solução foi comprar duas passagens de avião para Teerã e visitar o sul do Uzbequistão de ônibus.
Viajamos 4h de ônibus até Samarkand, onde ficamos em um “Bed and Breakfast” muito simpático onde conhecemos muitos turistas estrangeiros, inclusive ciclistas que vieram no sentido oposto ao nosso. Trocamos experiências e dicas, o que é sempre bom!
Samarkand é a cidade mais famosa da Rota da Seda (Silk Road), a qual estamos percorrendo há um bom tempo. É uma das cidades mais antigas da Ásia Central, talvez do século 5 A.C. e já era bem grande quando foi tomada por Alexandre, o Grande e até o século 13 D.C. passou pela mão de diversas etnias, como os persas, mongóis, karakhinidis e outros, até, finalmente, ser quase totalmente destruída por Gengis Khan e por muitos terremotos. Ela foi tão disputada por ligar três regiões importantes: China, Índia e Pérsia.
Visitamos, então, o que sobrou em Samarkand e foi restaurado e podemos dizer que não foi pouco! Registan, muitas madraças, mausoléus e mosteiros. Além disso tudo, passeamos pelo imenso bazar, com muitas frutas e verduras, frutas secas, doces, pães, carnes e roupas. Não vou me prolongar, pois as imagens são melhores que palavras, neste caso.


Pegamos um ônibus e seguimos para Bukhara, considerada a cidade mais sagrada da Ásia Central. Diferente de Samarkand, onde os pontos turísticos são isolados, o centro de Bukhara está muito bem preservado, então andar por esta parte significa estar sempre rodeado de belas e antigas construções, além das imensas a antigas amoreiras.



Após esta viagem no tempo, retornamos para Tashkent – 10h cozinhando no busão – e estamos nos preparando para o Irã!

Curiosidades:
- Aqui na Ásia Central há uma amora que quando madura fica branca, muito branca, e parece uma couve-flor pequena. Além dessa, há muitos pés extremamente carregados de amora roxa. Os pés de cereja também estão carregados nesta época!

- Nos ônibus, é comum vendedores de pães, água, semente de girassol e queijo (um bolinha branca e salgada) entrarem e disputarem entre si a clientela. Aliás, briga é o que não falta nesses ônibus! Preços, poltronas e etc. são sempre motivo de confusão.

Dicas:
- Barganhe bem para pegar ônibus, se alojar em hotéis e para comprar qualquer coisa.

- Em Samarkand, ficamos no Bed and Breakfas Bahodir, e gostamos muito!

- Se possível, não tente o visto de trânsito do Turcomenistão em Tashkent. Encontramos muitos ciclistas que pegaram este visto no Irã em poucos minutos, mas em Tashkent o cônsul foi grosso, não fala inglês e não emite antes de 20 dias.

- Tivemos muita dificuldade em comprar e sacar dólares no Uzbequistão. Então, se possível, traga tudo de que precisa. Após muita busca, sacamos no Banco UzKDB, próximo ao Hotel Grand Mir, com 2% de taxa. Há outro escritório deste banco, mas com taxa de 4%. Tivemos muitos problemas no Banco Nacional do Uzbequistão, então evite.

- Conhecemos o site www.couchsurfing.org e agora somos adeptos. Boa opção para cidades turísticas!

- No metro de Tashkent, os policiais pedem o passaporte, então sempre ande com ele, e revistam, de vez em quando, sua bolsa. O mesmo é feito com o pessoal local.

Veja mais fotos no álbum Uzbequistão!

13 de mai. de 2012

Isolados no Quirguistão, acompanhados no Uzbequistão


Estamos em Tashkent – capital do Uzbequistão!
Nossa jornada segue após a exótica e surpreendente passagem pelo Quirguistão. De Bishkek, capital do Quirguistão, seguimos em direção ao famoso Lago Issyk-Kul, de águas salgadas e não congeláveis, o segundo maior lago alpino do mundo, ficando atrás somente do Lago Titicaca no Peru.
Nossa passagem por aqui não tem sido solitária, cada vez mais as pessoas têm participado da nossa longa história. De Bishkek a Tashkent estivemos e ainda estamos na companhia de muitas pessoas para tomar uma xícara de chá e ouvir - de onde vocês são? (”At cuda?”), se somos casados, se temos filhos, etc. e também para conversar sobre coisas interessantes, filosofar, pensar sobre cultura, sobre a vida, política. Recebemos muitos convites para dormir e comer em suas casas. Isto tem sido uma experiência muito rica para nós!




O Quirguistão nos tirou o fôlego – pelas quase intermináveis montanhas e pelas paisagens sensacionais! Tivemos até um surpreendente encontro com um brasileiro – Breno e sua companheira tcheca na cidade de Toktogul. Bebemos muito chalap – bebida derivada do leite com gás e sal e comemos muito pão, macarrão e embutidos, além de banhos no rio. Muitos momentos bons, como também momentos difíceis, como a pedalada até o topo do Passo Ala Bel – 3.175 m. A quase 2.400 m de altitude já nevava e próximo aos 2.000 m pegamos uma dolorida chuva de pedras de gelo. Bom, depois da subida vem a descida, como já esperávamos: fria, muito fria, no início com neve e depois chuva. Tivemos um momento raro na presença de uma grande águia que circulava pela montanha – o Quirguistão também é bem conhecido pelas exóticas águias.

As cidades e vilarejos do Quirguistão eram menores do que imaginávamos, em alguns vilarejos não conseguíamos encontrar nem um pequeno mercado, mas como muitas vezes estocávamos comida conseguíamos nos virar bem com pães, embutidos de carne, margarina, macarrão, tialap, refrigerante de pera local, leite condensado, uva passa e bolachas, pensamos em carregar ovos para fritar, mas as estradas de terra e pedra por onde passamos dificultava, pois corríamos o risco de perder os ovos por quebrarem no caminho.
Bem, o restante sobre o Quirguistão deixaremos para as fotos, as imagens falam por si! A fronteira com o Uzbequistão passando por Uchkurgan-Uzbequistão foi vazia (depois descobrimos que ela não está aberta para pessoas do Uzbequistão atravessá-la e já a primeira pessoa que encontramos na beira da estrada pediu para tirar foto conosco, aliás, fotos não faltaram, algumas vezes tiravam fotos e antes de partirem nos presenteavam com um pão, água. Aconteceu (e não foi somente uma vez), de diminuírem a velocidade de seus carros para nos perguntar de onde éramos ou simplesmente encostavam o carro para tirar fotos, ficando surpresos quando falávamos que éramos brasileiros, e diziam: “football...kaka...ronaldo...pelé” e as vezes não sabiam se o Maradona e Messi eram brasileiro (rs). Até participamos de uma festa de casamento típica do Uzbequistão a convite da Gulnora e sua adorável família! Muita dança, comidas – o famoso e tradicional plov uzbeq, pastéis de carne, doces, chá verde, discurso e muita curiosidade de todos para saber sobre nós. Fotos? Também não faltaram!
Na saída de Torakurgan – cidade do casório, saímos caminhando pelo vilarejo junto com Gulnora e fomos rodeados por muitos, muitos curiosos, tantos que a polícia teve que intervir, pois o trânsito estava impedido com tanta gente no meio da rua.


Diferente do Quirguistão, não está sendo fácil acampar no Uzbequistão, pois aqui é bem povoado! Normalmente pedimos para armar a barraca em suas varandas como fizemos numa comunidade agrícola próximo à cidade de Pop, montamos a barraca sob uma bela parreira de uva e na beira de um canal no qual nos banhamos. De manhã ganhamos iogurte feito na hora com leite da vaca dali mesmo e uma garrafa de chá preto. A partir dali era só diminuir as marchas da magrela para mais uma longa subida: 50 km até 2.200 m de altitude (e vejam só: estávamos a apenas 480 m de altitude). Chuva novamente, mas enfim subimos e descemos até certo ponto e fomos convidados por Tashtemer - pedagogo entusiasta com o povo e cultura islâmica e uzbeq para dormir em sua casa, conversamos (gesticulando e tentando falar algo em russo) bastante, jantamos e dormimos, dia seguinte foi a puxada final até Tashkent onde agora nos encontramos na companhia de Farhod, Rano, Azmat e Sardor (família de um coração gigante), mas antes de encontra-los via www.couchsurfing.org fomos convidados para passar uma noite na casa da família de Lola, sua filha Aziza e seu filho Sanjarbek, muito agradáveis e simpáticos! Banho quente e comida deliciosa!
Agora, aqui estamos em busca de novos caminhos!



Algumas cidades visitadas: Tokmok, Balikchy, Kochkor, Chaek, Sussamyr, Toktogul, Karakul, Tashkomur – Quirguistão; Uchkurgan, Namangam, Torakurgan, Chust, Angren, Tashkent – Uzbequistão.

Curiosidades:

- O povo uzbeq é muito curioso para conhecer estrangeiros;

- O povo uzbeq gosta muito de ajudar as pessoas e ser ajudado;

- O burro é muito utilizado no Quirguistão e Uzbequistão para o trabalho no campo e transporte, mas um burro bem mais peludo que no Brasil;

- Nos campos mais isolados ou mesmo nos vilarejos criam-se muitos carneiros e cabras e somente um pouco de vacas;

- Ouvimos, mas não conseguimos ver vários deles: pássaros diferentes do Brasil, um deles é o “Cuco”;

- No Quirguistão vimos muitos poços d’água na beira da estrada nos vilarejos. Muitas pessoas pegam essa água para beber e usar no dia-a-dia já que água encanada é difícil de encontrar;

- Os banheiros no Quirguistão e no Uzbequistão também são fora da casa – valas sem encanamento para o esgoto, em sua maioria, exceto nas capitais;

- Trocamos 40 dólares por Uzbek Som e recebemos um saco de dinheiro – a nota com maior valor por aqui equivale a 0,5 USD. Por isso é comum ver pessoas com sacos  e bolos de notas;

- Vimos os famosos nômades do Quirguistão já próximo a Toktogul em suas cabanas chamadas yurt.

Dicas:

- Pedalamos no Quirguistão no final de Abril e o clima estava agradável nos locais mais baixos (até 2.000m, mais ou menos), mas com chuva fraca em alguns locais. Na subida para o passo Ala-Bel (3.175m) pegamos chuva, chuva de gelo, neve e vento;


- Entramos no Uzbequistão por Uchkurgan, onde trocamos “Kyrg Som” por “Uzbek Som” por uma taxa muito mais vantajosa que a oferecida em Tashkent, onde eles não têm interesse pela moeda do Quirguistão. O local de troca é o mercado (bazar) da cidade e basta gesticular que quer trocar dinheiro. Não há local oficial para troca. A taxa de troca varia muito de cidade para cidade;

- Em Tashkent, os bancos trocam Dolar por Som por uma taxa muito pior que a oferecida nos bazares (“mercado negro”). Enquanto os bancos ofereciam 1.890 Som (valor próximo ao oficial) por 1 USD, o mercado negro oferecia 2.800. Não encontramos bancos vendendo dólares e o preço deste no “mercado negro” é alto;

- Hotéis 4 e 5 estrelas em Tashkent têm ATM Visa e Master, dos quais é possível sacar Som ou Dólar, além de oferecerem wifi livre no lobby – exemplos: Grand Mir e Intercontinental;

- Contatamos um rapaz, Philipp, que possui uma loja de reparo de bicicleta. Não sabemos quanto à qualidade do serviço, pois não usamos, mas achamos uma peça de bicicleta que precisávamos. Telefone: (+998) 91112344;


- A fronteira em Uchkurgan estava vazia e não tivemos problemas. Do lado do Quirguistão há apenas pequenos vilarejos rurais. Vimos um hotel a 5 km da fronteira, no Quirguistão. 


Vejam mais fotos nos álbuns Quirguistão e Uzbequistão.

 
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