Bem vindo à Europa

De Istanbul a Szeged – de 12/08/2012 a 02/09/2012

Após a turbulenta saída de Istanbul (com chuva e carros) atravessamos a parte europeia da Turquia com tranquilidade por uma estrada menor, cruzamos com ciclistas estrangeiros quase todos os dias! Belas florestas e pouco movimento nos deram boas oportunidades para acampar. Para chegar até a Bulgária optamos por pegar uma estrada menos movimentada na Grécia. No caminho cruzamos um casal francês de bicicleta que nos deu mapas da Hungria e da Romênia e demos o nosso da Turquia. Tenho lá minhas dúvidas se vimos uma viva alma grega – estrada e ruas desertas! Mas tudo bem, que fique para outra oportunidade.

Na Bulgária não foi diferente o vazio das estradas. Cruzamos belas montanhas com muitas águas jorrando das montanhas e o mais curioso é que sempre havia uma dedicatória a alguém falecido - da mesma forma que faziam os turcos, e a grande maioria das vezes aquela água era pura para se beber.

Era comum também vermos papéis colados nos postes das ruas ou nas fachadas das casas com a imagem de uma pessoa falecida e algo escrito (normalmente faziam isto pelos 1, 2, 5, 10 anos de falecimento de um ente querido).

Visitamos muitos vilarejos, alguns cravados no meio das montanhas e florestas temperadas, onde fazia frio em pleno verão! Para atravessarmos as montanhas tivemos que pedalar bastante, o cansaço batia, às vezes, mas as árvores com frutas que encontrávamos no caminho nos davam mais energia pra continuar: parreiras de uva, ameixas de vários tipos e maçãs.

 

Vimos sinais que pareciam alerta para tomar cuidado com ursos! Quando alcançamos a parte mais baixa tivemos a oportunidade de estar na companhia de Georgi na bela cidade de Plovdiv, onde conhecemos um pouco do centro histórico da cidade, pudemos descansar e provar a cerveja e a “tequila búlgara” feita de uva – forte!

A partir daí já não estávamos mais tão longe da Romênia, atravessamos vastas áreas com grandes plantações de milho e girassol, atravessamos o Rio Danúbio a barco e lá topamos com mais alguns estrangeiros viajando de bicicleta, ganhamos mais um mapa e alcançamos mais uma fronteira (Bulgária – Romênia).

Na Romênia, percorremos um trecho muito habitado (vilas por toda parte), beirando o Rio Danúbio. Depois seguimos rumo às montanhas, ao Cetatea (Forte) Poenari - Castelo do Drácula – o qual não passa de um mito popular e que na verdade Drácula era o filho de Vlad III – chamado de Vlad Dracul e drácula significa filho de Dracul (do latim, dragão), ele não comia pessoas nem sugava seus sangues mas gostava de formas cruéis de tortura e tinha uma estranha mania de se alimentar de uma farta refeição enquanto via seus prisioneiros serem torturados. Subimos até a Represa Vidraru e cruzamos a famosa Transfagarasan (bela estrada sinuosa, entre as mais altas da Europa que atinge 2.070m de altitude) sob chuva e frio, após a longa subida e descida molhada alcançamos um pouco o calor das baixas altitudes.

Com o idioma romeno tivemos um pouco mais de facilidade do que qualquer outro idioma ao longo da viagem, pois é de origem latina e semelhante ao italiano. O povo é falante e um pouco mais curioso.

Sempre nos perguntavam se éramos alemães (desde o Irã muitos nos perguntam), dentre a enésima pergunta um senhor e sua família nos convidou para tomarmos um café. Ver um brasileiro (e de bicicleta então!) por ali parecia ser bem diferente. Enquanto bebíamos a farta xícara de café com biscoitos e ameixas aquele senhor insistiu várias vezes para que tomássemos uma espécie de licor de uva, gostoso, mas forte o suficiente pra cambalear as pernas de qualquer ciclista.

Seguimos por estradas menores, pois as principais não estavam para ciclistas ávidos por natureza. Cruzamos a fronteira com a Hungria e o que vimos até agora na Hungria foram vilas vazias, bem limpas e organizadas, ciclistas por toda parte, uma grande planície com girassóis, blocos de fenos, milharais e a água sulfurosa dos poços (que não mata nossa sede). Agora estamos na bela cidade de Szeged, na companhia de simpáticos estudantes universitários. Os planos e as contagens de dias para a chegada à Espanha continuam, resta-nos decidir quais serão os caminhos até lá, até o momento o que sabemos é que o próximo país será a Eslovênia!

Algumas cidades visitadas: Kirklareli e Edirne – Turquia; Kardzhali, Ardino, Asenovgrad, Plovdiv, Etropole e Oryahovo – Bulgária; Bechet, Corabia, Slatina, Curtea de Arges, Sibiu, Sebes, Lipova e Arad – Romênia; Battonya, Makó e Szeged – Hungria.

Curiosidades:

- Para dizer “tchau” na Hungria basta dizer “hello”;

- Algumas pessoas na Bulgária respondem “não” com o movimento da cabeça para cima e para baixo como sinalizamos o “sim”, o que nos fez passar por algumas situações cômicas;

- Em vários vilarejos que atravessamos na Bulgária, em locais altos principalmente, vimos muitas lenhas em baixo das casas – as pessoas já estão se preparando para o inverno!

- O nome do país - Hungria ou Hungary não é utilizado por eles mesmos, eles se conhecem por Magyaroszág.

Dicas:

Estradas: Pedalar por estradas menos movimentadas na Bulgária não exige tanto esforço, basta ter bons mapas e escolher, mas tenha certeza de que não será um caminho plano; na Romênia as escolhas de estradas menores por onde passamos foi difícil, pois muitas sinalizadas nos mapas eram estradas de terra e as estradas um pouco maiores não tem acostamento ou um espaço muito pequeno para ciclistas e grande movimento de carros e caminhões, mesmo as consideradas highways são pistas simples;

Comidas: A Bulgária é um país barato, principalmente em supermercados, assim como a Romênia. Na Hungria não encontramos comidas tão baratas quanto nos outros dois países;

Camping: Na Bulgária não vimos campings oficiais, na Romênia é possível encontrar campings, principalmente em locais turísticos. Na Hungria é possível localizar espaços reservados para campings, pode-se encontrar um mapa pela internet com os locais para se acampar: www.camping.hu

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