19 de jul. de 2012

“Pra lá de Bagdá”


De 03/07/2012 a 19/07/2012 – De Tabriz a Batumi

De Tabriz, no Irã seguimos por uma estrada para a Armênia que logo virou uma pedregosa e íngreme estrada. No topo da montanha a tempestade se formou e vimos povos nômades numa movimentação maluca para tentar se proteger da chuva, nada diferente de nós. Conseguimos abrigo num vilarejo e o tempo se abriu rapidamente, depois de uma xícara de chá com cubos de açúcar.

Nômades no alto da montanha

Nossa ideia era cruzar Armênia e Geórgia para conhecer outros países, sem pedalar muito mais do planejado, que seria ir do Irã diretamente para a Turquia. Está sendo ótimo, pois as paisagens, as pessoas e tudo mais tem sido incríveis, mesmo tendo que cruzar estradas dificultosas. São nessas estradas difíceis é que conseguimos descobrir muitas belezas pouco desvendadas e sem muita interferência humana para tomar banho nas bicas d’água e acampar.
Pegamos o visto mais rápido (10 minutos para emitir) e o mais barato (7,5 USD) de toda a viagem: o visto da Armênia na fronteira com o Irã. E aproveitamos bem esta passagem pelo país: no primeiro dia na Armênia jantamos um churrascão – dia 5 de Julho comemora-se o Dia da Constituição e ainda era aniversário de uma das moças que nos recebeu, motivo em dobro para comemorar com a família que estava “pra lá de Bagdá” de vodca, conhaque e vinho. Experimentamos o vinho de cereja e dormimos por ali mesmo.
Por falar em cereja, as cerejas verdes que vimos no Uzbequistão estão maduras por aqui, assim como os deliciosos damascos e amoras (brancas e roxas) espalhados pelas estradas. Esperamos que as maçãs, pêras e ameixas, ainda verdes por aqui estejam maduras no próximo país.
Além das frutas, a estação das flores está a mil! Flores do campo por todos os cantos, assim como abelhas e apicultores.

Amora gigante

Subimos, descemos, subimos, descemos, passamos por Kapan, dormimos e descansamos duas noites na agradável cidade de Goris num Bed and Breakfast (sem breakfast) muito arrumado. A partir daí cruzamos com muitos estrangeiros de bicicleta: holandeses, alemães, franceses e uma turma polonesa de carro e bicicletas. Num dos sobe-desce descemos até o belíssimo Lago Sevan, acampamos numa mata próxima ao lago, pesadelo: milhares de pernilongos famintos para todos os lados ao nosso redor, pior mesmo foram somente os pernilongos da Geórgia na floresta de pinheiros no caminho entre Adigeni e Khulo, onde atravessamos outro duro passo por estrada de terra.
Na Geórgia vimos alguns fortes, muitas igrejas católicas e curiosos vilarejos no meio das montanhas. Cruzamos a fronteira da Armênia com a Geórgia pelo vilarejo de Bavra na Armênia, rapidamente também, não precisamos de visto, somente de um carimbo. Depois de 15 minutos já estávamos na Geórgia, que frio e úmido que estava por ali! O clima foi esquentando e melhorando conforme fomos seguindo pelas montanhas e baixadas. Do topo do passo Goderdzi descemos até Batumi, e do topo até 20 km abaixo pela péssima estrada de pedra e terra tivemos uma companhia canina, o Brazuca, que nos seguiu, não sabemos ainda o porquê. Quando parávamos ele ia direto pra sombra, bebia as águas que escorriam das pedras e refrescava as patas e barriga na água que corria na beira da estrada, parece ter se divertido bastante! 

Amigo Brazuca

Finalmente chegamos quase na fronteira com a Turquia, na bela cidade de Batumi, na beira do Mar Negro com suas belíssimas praias, uma grande atração turística.
Pra finalizar nossa passagem pela Geórgia demos um mergulho no Mar Negro: praia de pedras e água morna. Nada como um banho para lavar a alma!
Turquia: aí vamos nós!

Algumas cidades visitadas: Norduz – Irã; Meghri, Kapan, Goris, Martuni, Dilijan, Vanadzor, Gyumri – Armênia; Ninotsiminda, Akhalkalaki, Aspindza, Akhaltsikhe, Adigeni, Khulo, Keda, Batumi - Geórgia

Curiosidades:
- Compramos o mesmo remédio para verme que há no Brasil, mas a diferença de preço foi gritante. O preço de um comprimido no Brasil custa o mesmo que 100 comprimidos no Irã! Nessas horas notamos como a indústria farmacêutica rouba!

- A vodka é bastante consumida pela Geórgia e Armênia, mas na Armênia o conhaque é o mais famoso e na Geórgia o vinho;

- O chá no Irã é consumido com açúcar em cubo, colocam-se os cubinhos na boca e depois o chá, já na Geórgia e Armênia o café da América do Sul faz sucesso, mas sem coar, bebe-se a parte líquida e o pó fica no fundo da xícara (chamado de soorch na Armênia);

- Vimos em várias mercearias enlatados de carne bovina vinda do Brasil;

- Vimos pães com formato estranho alongado e curvo aqui na Geórgia.

Dicas:

Dinheiro:
Na fronteira com o Irã com a Armênia há cambistas que trocam dólar e rial por dram, mas a um valor de 3 a 5% superior ao encontrado nos bancos. Entre com um pouco de dram, pois o visto (3.000 drams) deve ser pago nesta moeda.

Vistos:
Armênia: na fronteira com o Irã, por 3.000 drams. Nem foto foi necessário.
Geórgia: Brasileiros, assim como muitas outras nacionalidades, não precisam de visto.

Telefonia Irã: Caso você queira fazer ligação internacional com o chip iraniano, é preciso solicitar no ato da compra. Sem custo nenhum custo isso será feito. Ligações dentro do Irão são muito baratas, em torno de 1.000 Rial/minuto (0,07 USD – varia em função da taxa de câmbio), mesmo para outras províncias. SMS custa 160 Rial. Ligações para o Brasil são também baratas – em torno de 3.000 Rial/minuto (0,15 USD). Nessas horas notamos como as companhias de telefonia no Brasil rouba!

Acampamento e noites de sono:
- Repelente é importante, tivemos perturbações por pernilongos;

- As pessoas são bem amigáveis, nas regiões mais montanhosas onde costuma ser mais difícil acampar pedimos para montar a barraca nos jardins das casas;

- Os hotéis não costumam ser tão baratos quanto nos países anteriores - em média USD 10-20 por pessoa (os mais baratos);


Clima:
- Faz calor de mais de 30°C nesta época do ano, especialmente nos locais mais baixos. Nas montanhas o clima tem sido mais ameno e algumas vezes úmido – Geórgia e Armênia.

Estradas:
- Na Geórgia existem, teoricamente, algumas estradas alternativas, mas na verdade nem todas são estradas asfaltadas mesmo estando nos mapas oficiais, convém verificar bem antes de fazer escolhas.

Internet:
- A internet na Armênia e Geórgia tem sido rápida, mesmo com conexões Wi-fi.

VEJA MAIS FOTOS NOS ÁLBUNS: IRÃ, ARMÊNIA E GEÓRGIA

15 de jul. de 2012

Vídeo Quirguistão / Kyrgyzstan!




Vejam o novo vídeo na sessão de vídeos

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2 de jul. de 2012

Sem "tarof"!

De 10/06 a 02/07/2012 - De Isfahan a Tabriz

Anzali

Após tantos dias longe das bikes, retomamos nossa jornada sobre duas rodas indo em direção a Hamedan, onde ficamos com mais uma bela família iraniana. Siavash e sua família nos receberam muito bem! Provamos e nos deliciamos com as diversas comidas iranianas preparadas por sua mãe e tia, além de visitarmos alguns pontos turísticos com seu irmão e primos.
Seguidos caminho rumo a Tabriz, última grande cidade antes das fronteiras com o Azerbaijão, Armênia e Turquia. Mais uma vez, escolhemos seguir por pequenas estradas no meio da montanha e não grandes rodovias planas, barulhentas, monótonas e fedorentas de fumaça de caminhões e ônibus velhos. Foi uma boa escolha, pois as paisagens eram deslumbrantes e passamos por diversos vilarejos isolados e com povo diferente do que víamos. Parte deles era os curdos, não tão bem falados aqui no Irã, assim como pelo mundo, mas a região por onde passamos estava em paz. Os homens vestiam calças largas, panos na cintura e na cabeça, e as mulheres não vestem o chador (lenço preto que cobre o corpo todo), mas sim lenço colorido apenas na cabeça. No final de semana iraniano (quinta e sexta) vimos diversas festas de casamento, nas quais as mulheres se vestem com roupas coloridas, como odaliscas.


Após alguns dias distantes de grandes centros, nos aproximamos de Tabriz e tudo mudou novamente, pois por aqui o povo é Azari e fala outra língua, não o Farsi, ou Persa. Assim como os curdos, esta etnia também deseja criar seu próprio país!
A chegada a Tabriz foi meio caótica, pois a cidade é grande e o trânsito não é dos mais organizados. Mas tudo valeu a pena, pois aqui viemos nos encontrar com nosso amigo Reza, que encontramos em Kashan no início da nossa jornada no Irã. Agora, já no final desta, revemos nosso novo e grande amigo. Além de conhecermos um pouco Tabriz e visitarmos uma vila exótica chamada Kandovan, viajamos com ele 800 km até Teerã, capital do país, cidade onde ele mora. Esta viagem durou dois dias, pois fomos pelas belas montanhas que fazem fronteira com o Azerbaijão e pelo Mar Cáspio. Conhecemos como é uma praia iraniana. A área onde as mulheres podem se banhar é completamente protegida por lonas, pois elas não podem se banhar junto com homens e quem se meter a fuxicar por lá é severamente punido. Nestas áreas, as mulheres podem usar roupas de banho e ficarem à vontade. A área dos homens é aberta, mas não é em toda a praia que é possível nadar, por isso eles ficam todos numa área só, como numa piscina salgada. Após esta breve visita, seguimos para outra cidade na costa, Anzali, e fizemos um passeio de lancha para visitarmos tipo um pantanal salgado e o porto local.

Praia iraniana

Kandovan

No dia seguinte chegamos, enfim, em Teerã! Me senti em São Paulo, com prédios, avenidas imensas, trânsito e tudo o mais. Por aqui as moças não usam muito o chador, mas sim lenços coloridos, pintam o cabelo e usam mais maquiagem, o que sempre é questionado pela polícia.
Para completar a festa, nosso amigo Sina, de Shahin Shahr, foi para Teerã nos vistar. Ficamos três dias na capital e visitamos o imenso bazar (10 km de ruas cobertas – um labirinto!) e vários museus num complexo onde o último rei (shah) iraniano vivia antes da revolução. Um deles foi o mais fantástico, sobre os irmãos Omidvar, os quais, na década de 1950, partiram de moto para uma viagem pelo mundo que durou 7 anos. Eles visitaram, inclusive, muitas tribos na Amazônia. Após esta viagem, eles partiram para uma viagem de carro, que durou 3 anos, pela África!


Irmãos Omidvar



A partida para Tabriz foi um tanto triste após nos despedirmos do Reza, seu filho Vahid, e Sina. Nossa passagem no Irão foi repleta de despedidas, mas temos de seguir caminho e o plano agora é partir para nosso novo destino, a Armênia!

Algumas cidades visitadas: Tabriz, Kandovan, Anzali, Teerã, Chalus

Curiosidades:

- É comum encontrar água potável, gelada e livre nas ruas, rodoviárias, parques, museus e etc. Isso pelo fato de um dos 12 Imans ter morrido de sede.


- A velocidade da internet é muito baixa, pois é limitada pelo governo.


- É cultural entre os iranianos ter "tarof", palavra sem tradução. Resumindo, é oferecer demais por educação. É comum, em algumas lojas e taxis, as pessoas, a princípio, não quererem aceitar o pagemento. Mas não é preciso falar a segunda vez para eles aceitarem.

VEJA MAIS FOTOS AQUI!



 
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