13 de mai. de 2012

Isolados no Quirguistão, acompanhados no Uzbequistão


Estamos em Tashkent – capital do Uzbequistão!
Nossa jornada segue após a exótica e surpreendente passagem pelo Quirguistão. De Bishkek, capital do Quirguistão, seguimos em direção ao famoso Lago Issyk-Kul, de águas salgadas e não congeláveis, o segundo maior lago alpino do mundo, ficando atrás somente do Lago Titicaca no Peru.
Nossa passagem por aqui não tem sido solitária, cada vez mais as pessoas têm participado da nossa longa história. De Bishkek a Tashkent estivemos e ainda estamos na companhia de muitas pessoas para tomar uma xícara de chá e ouvir - de onde vocês são? (”At cuda?”), se somos casados, se temos filhos, etc. e também para conversar sobre coisas interessantes, filosofar, pensar sobre cultura, sobre a vida, política. Recebemos muitos convites para dormir e comer em suas casas. Isto tem sido uma experiência muito rica para nós!




O Quirguistão nos tirou o fôlego – pelas quase intermináveis montanhas e pelas paisagens sensacionais! Tivemos até um surpreendente encontro com um brasileiro – Breno e sua companheira tcheca na cidade de Toktogul. Bebemos muito chalap – bebida derivada do leite com gás e sal e comemos muito pão, macarrão e embutidos, além de banhos no rio. Muitos momentos bons, como também momentos difíceis, como a pedalada até o topo do Passo Ala Bel – 3.175 m. A quase 2.400 m de altitude já nevava e próximo aos 2.000 m pegamos uma dolorida chuva de pedras de gelo. Bom, depois da subida vem a descida, como já esperávamos: fria, muito fria, no início com neve e depois chuva. Tivemos um momento raro na presença de uma grande águia que circulava pela montanha – o Quirguistão também é bem conhecido pelas exóticas águias.

As cidades e vilarejos do Quirguistão eram menores do que imaginávamos, em alguns vilarejos não conseguíamos encontrar nem um pequeno mercado, mas como muitas vezes estocávamos comida conseguíamos nos virar bem com pães, embutidos de carne, margarina, macarrão, tialap, refrigerante de pera local, leite condensado, uva passa e bolachas, pensamos em carregar ovos para fritar, mas as estradas de terra e pedra por onde passamos dificultava, pois corríamos o risco de perder os ovos por quebrarem no caminho.
Bem, o restante sobre o Quirguistão deixaremos para as fotos, as imagens falam por si! A fronteira com o Uzbequistão passando por Uchkurgan-Uzbequistão foi vazia (depois descobrimos que ela não está aberta para pessoas do Uzbequistão atravessá-la e já a primeira pessoa que encontramos na beira da estrada pediu para tirar foto conosco, aliás, fotos não faltaram, algumas vezes tiravam fotos e antes de partirem nos presenteavam com um pão, água. Aconteceu (e não foi somente uma vez), de diminuírem a velocidade de seus carros para nos perguntar de onde éramos ou simplesmente encostavam o carro para tirar fotos, ficando surpresos quando falávamos que éramos brasileiros, e diziam: “football...kaka...ronaldo...pelé” e as vezes não sabiam se o Maradona e Messi eram brasileiro (rs). Até participamos de uma festa de casamento típica do Uzbequistão a convite da Gulnora e sua adorável família! Muita dança, comidas – o famoso e tradicional plov uzbeq, pastéis de carne, doces, chá verde, discurso e muita curiosidade de todos para saber sobre nós. Fotos? Também não faltaram!
Na saída de Torakurgan – cidade do casório, saímos caminhando pelo vilarejo junto com Gulnora e fomos rodeados por muitos, muitos curiosos, tantos que a polícia teve que intervir, pois o trânsito estava impedido com tanta gente no meio da rua.


Diferente do Quirguistão, não está sendo fácil acampar no Uzbequistão, pois aqui é bem povoado! Normalmente pedimos para armar a barraca em suas varandas como fizemos numa comunidade agrícola próximo à cidade de Pop, montamos a barraca sob uma bela parreira de uva e na beira de um canal no qual nos banhamos. De manhã ganhamos iogurte feito na hora com leite da vaca dali mesmo e uma garrafa de chá preto. A partir dali era só diminuir as marchas da magrela para mais uma longa subida: 50 km até 2.200 m de altitude (e vejam só: estávamos a apenas 480 m de altitude). Chuva novamente, mas enfim subimos e descemos até certo ponto e fomos convidados por Tashtemer - pedagogo entusiasta com o povo e cultura islâmica e uzbeq para dormir em sua casa, conversamos (gesticulando e tentando falar algo em russo) bastante, jantamos e dormimos, dia seguinte foi a puxada final até Tashkent onde agora nos encontramos na companhia de Farhod, Rano, Azmat e Sardor (família de um coração gigante), mas antes de encontra-los via www.couchsurfing.org fomos convidados para passar uma noite na casa da família de Lola, sua filha Aziza e seu filho Sanjarbek, muito agradáveis e simpáticos! Banho quente e comida deliciosa!
Agora, aqui estamos em busca de novos caminhos!



Algumas cidades visitadas: Tokmok, Balikchy, Kochkor, Chaek, Sussamyr, Toktogul, Karakul, Tashkomur – Quirguistão; Uchkurgan, Namangam, Torakurgan, Chust, Angren, Tashkent – Uzbequistão.

Curiosidades:

- O povo uzbeq é muito curioso para conhecer estrangeiros;

- O povo uzbeq gosta muito de ajudar as pessoas e ser ajudado;

- O burro é muito utilizado no Quirguistão e Uzbequistão para o trabalho no campo e transporte, mas um burro bem mais peludo que no Brasil;

- Nos campos mais isolados ou mesmo nos vilarejos criam-se muitos carneiros e cabras e somente um pouco de vacas;

- Ouvimos, mas não conseguimos ver vários deles: pássaros diferentes do Brasil, um deles é o “Cuco”;

- No Quirguistão vimos muitos poços d’água na beira da estrada nos vilarejos. Muitas pessoas pegam essa água para beber e usar no dia-a-dia já que água encanada é difícil de encontrar;

- Os banheiros no Quirguistão e no Uzbequistão também são fora da casa – valas sem encanamento para o esgoto, em sua maioria, exceto nas capitais;

- Trocamos 40 dólares por Uzbek Som e recebemos um saco de dinheiro – a nota com maior valor por aqui equivale a 0,5 USD. Por isso é comum ver pessoas com sacos  e bolos de notas;

- Vimos os famosos nômades do Quirguistão já próximo a Toktogul em suas cabanas chamadas yurt.

Dicas:

- Pedalamos no Quirguistão no final de Abril e o clima estava agradável nos locais mais baixos (até 2.000m, mais ou menos), mas com chuva fraca em alguns locais. Na subida para o passo Ala-Bel (3.175m) pegamos chuva, chuva de gelo, neve e vento;


- Entramos no Uzbequistão por Uchkurgan, onde trocamos “Kyrg Som” por “Uzbek Som” por uma taxa muito mais vantajosa que a oferecida em Tashkent, onde eles não têm interesse pela moeda do Quirguistão. O local de troca é o mercado (bazar) da cidade e basta gesticular que quer trocar dinheiro. Não há local oficial para troca. A taxa de troca varia muito de cidade para cidade;

- Em Tashkent, os bancos trocam Dolar por Som por uma taxa muito pior que a oferecida nos bazares (“mercado negro”). Enquanto os bancos ofereciam 1.890 Som (valor próximo ao oficial) por 1 USD, o mercado negro oferecia 2.800. Não encontramos bancos vendendo dólares e o preço deste no “mercado negro” é alto;

- Hotéis 4 e 5 estrelas em Tashkent têm ATM Visa e Master, dos quais é possível sacar Som ou Dólar, além de oferecerem wifi livre no lobby – exemplos: Grand Mir e Intercontinental;

- Contatamos um rapaz, Philipp, que possui uma loja de reparo de bicicleta. Não sabemos quanto à qualidade do serviço, pois não usamos, mas achamos uma peça de bicicleta que precisávamos. Telefone: (+998) 91112344;


- A fronteira em Uchkurgan estava vazia e não tivemos problemas. Do lado do Quirguistão há apenas pequenos vilarejos rurais. Vimos um hotel a 5 km da fronteira, no Quirguistão. 


Vejam mais fotos nos álbuns Quirguistão e Uzbequistão.

1 comments:

Anônimo disse...

Cada vez mais vamos nos surpreendendo com tantas coisas novas que nunca nos passam pelo pensamento! E ficamos felizes por sentir que está valendo a pena...,

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