15 de jan. de 2012

Feliz 2.555!

Posted by Marilia

De 1º a 14 de Janeiro – De Nahim, Laos, a Hoa Binh, Vietnã.

Começamos o ano de 2012 (ou 2.555 no Laos, já que o calendário aqui é Budista) conhecendo a Caverna Konglor – 7,5km de rio dentro da caverna, o que percorremos de barco na companhia da Helena, uma garota russa viajante, muito simpática! Conhecemos também os simpáticos casais Ian e Alexa, dos EUA, e Sara e Steven, da Suíça. Estes estavam terminando a volta de bike da Turquia à Tailândia!
O último dia no Laos foi de congelar! Subimos a estrada úmida, com mata e cachoeiras até a fronteira, na cidade de Nam Phao. Com o vento e a umidade, a sensação deveria estar próxima a 0°C. Nosso óleo de cozinha até solidificou! Entramos no Vietnã e descemos até quase o nível do mar, onde ainda estava frio e úmido, mas menos que na fronteira.
Mudar de país é sempre um pouco estressante – mudança de língua, costumes, dinheiro e clima! É sempre necessário um tempo de adaptação e para o Vietnã, foi preciso mais tempo, pois a mudança foi drástica.
Logo nas primeiras cidades e vilarejos, começamos a buscar por restaurantes no meio de centenas de placas comerciais, que são grandes e coloridas. Identificamos os restaurantes pelas mesinhas que, a propósito, são baixinhas com cadeirinhas de plástico (tipo as infantis, no Brasil). Aprendemos que há diferentes tipos de restaurantes, cujo tipo de comida servido fica indicado na tal da placa. Não há cardápio, o que é péssimo, pois nunca sabemos ao certo o valor da comida, além de dificultar o aprendizado das palavras. Dá sempre a impressão de que pagamos mais, pois eles falam um valor, e na hora de pagar, falam outro. Adotamos a prática de sempre pagar antes de comer, logo que nos falam o preço, e assim não tivemos mais problemas.




A culinária daqui mudou. Ainda há as sopas de noodle e pimenta, mas o povo aqui come mais carne e os pratos são mais fartos, com muito arroz, muitas vezes à vontade, vegetais cozidos, carnes e ovos (acho que de pato e galinha). Outra coisa comum por aqui é pão, que são, normalmente, vendidos em mercadinhos nas ruas e não em padarias. Não se iluda também, pois é raro o pão estar fresco e nunca dá para saber se ele é doce ou salgado.
Após cada refeição, eles mudam para a mesa do chá e do fumo, onde tomam chá verde (tem muita plantação de chá verde por aqui) e fumam um canudo grande, tipo um narguilé rústico. Nos restaurantes, o chão fica forrado de guardanapos e ossos de carne, pois aqui é comum comer e jogar o lixo no chão.
Os franceses que encontramos no Laos tinham nos falado que eles comiam cachorro e comem mesmo. Vimos um cachorro morto e sem pelo em cima de um balcão sendo fatiado. É um tanto chocante para nós ver isso, mas é cultural. Fazemos o mesmo com vacas, porcos, galinhas e tantos outros animais. Vimos um monte de pombas engaioladas em uma feira, da mesma maneira que as galinhas, então talvez seja comum comer pombas por aqui também.
Outra mudança grande foi o trânsito. Aqui buzinar é a regra! Os carros têm diferentes tipos de buzinas: alta e forte, baixa e musicalizada, longa e ecoante e assim por diante. A maioria delas é assim: o motorista toca uma vez e ela fica tocando por alguns segundos! Escolher qual buzina comprar dever ser uma atração à parte por aqui. Acontece que ciclistas e pedestres (com búfalos, vacas e tudo o mais), que têm aos montes, caminham e pedalam tranquilamente no meio da rodovia, então os motoristas buzinam, mas ninguém dá a mínima. Mas muitas vezes buzinam sem razão alguma mesmo, acho que só para não perder o costume. Por sorte, as rodovias não têm muito carros. O povo daqui usa muito motocas e bicicletas. Muitas vezes conseguimos pedalar no acostamento, só não dá quando a estrada fica mais estreita ou quando o acostamento fica forrado de mandioca fatiada ou milho, o que as pessoas deixam para secar!




O povo tailandês e laoense era mais discreto, já aqui o pessoal é mais agitado e atirado, fala meio alto e toca mais, dando tapas de amizade. São muito curiosos e quando paramos para comprar algo, ou só para descansar, as pessoas se juntam aos montes em volta de nós. Às vezes vêm correndo de longe só para nos olhar. Gostam de mexer nas nossas coisas, especialmente nas bikes, acho que pelo fato deles usarem muito bicicleta por aqui. Ficam encantados com o velocímetro, testam os freios, checam se os pneus estão cheios e assim por diante!


Por conta disso, acampar por aqui não tem sido muito fácil. Não vimos mais templos, parar em escolas é suicídio e achar um lugar vazio e “acampável” é complicado – as planícies estão alagadas e barrentas e sempre quando achamos que estamos sozinhos, aparece alguém do nada! Agora sabemos como eles venceram as guerras!
Paramos vez e outra em hotéis, para fazer dia de descanso ou porque não achamos lugar para acampar. Uma vez, perguntamos o preço e o cara mostrou uma nota de 100.000 dongs. Ok, ficamos lá dois dias e quando fomos pagar, ele disse que 200.000 dongs, que era o que demos a ele, era para uma noite apenas. Ficamos putos e dissemos que não e gesticulamos que ele havia mostrado uma nota de 100.000! Foi uma bagunça e até a moça do mercadinho do lado, com quem “conversamos” na noite anterior, apareceu e fazia negativo com a cabeça, como que reprovando o cara. Começamos a lembrar que no dia em que chegamos ao hotel, ele queria ficar com o nosso passaporte, o que não deixamos de jeito nenhum, para irritação dele. Além disso, ele mostrou a nota de 100.000 meio escondido. Começamos a ligar os pontos e vimos que o cara estava querendo dar um golpe mesmo. Tentamos ir embora, mas o cara amarrou a roda do Marcos com um cabo e fingiu que chamaria a polícia. Para nós, seria até melhor, mas ele estava blefando. O Marcos falou para mim “Lila, chama a polícia!”, daí ele soltou a bike e saímos de lá.
Como vocês puderam notar a comunicação não tem sido a coisa mais simples. Raras são as vezes em que encontramos alguém que fale inglês e mesmo o vietnamita tendo alfabeto romano, os acentos para todos os lados e a pronúncia são bem complicados. Mas aos poucos estamos pegando as frases e palavras principais, como os números, quanto custa, carne de cachorro, não, pimenta, etc.
Outra coisa curiosa por aqui é casamento. Eles parecem levar muito a sério, pois vimos em vários lugares, quadros dos noivos, muitas lojas de roupas de casamento e, em vários lugares, homens e mulheres perguntam se somos casados e se temos filho. Quando digo que não temos filhos, eles parecem meio decepcionados.
Mais curiosidades! Aqui passa uma novela coreana dublada para a língua local. Até aí tudo bem, mas acontece que uma mulher dubla a voz de todos os personagens e sempre com a mesma entonação. Cômico! Outra coisa comum são os karaokês. Em toda esquina tem um e o povo canta mesmo, ou melhor, grita mesmo.
E as pedaladas? Ah, tem sido muita e pedalar pelas estradas do Vietnã tem sido assim: muitas montanhas e mata ao redor da estrada, que é um sobe e desce suave, nada muito elevado, por enquanto. Muita buzina e “hello, hello!” na orelha, mas muito mesmo, até desistimos de responder. As motocas que passam por nós são uma atração, pois carregam de tudo: televisão, bicicleta, cachorros, porcos e galinhas engaiolados, árvore (pois é!), mercado (um mercadinho ambulante!), cana-de-açúcar (uma montanha de cana!), pessoas (já vimos quatro em uma motoquinha) e assim vai. Nas bicicletas o pessoal também carrega muita coisa, e sem marchas e muitas vezes com os pneus murchos de tudo.


Bom, o negócio agora é o seguinte: em uma semana pedalamos metade do caminho no país, então temos que pisar no freio, pois queremos entrar na China lá pro final de Janeiro, começo de Fevereiro, para tentar pegar menos frio! Espero que dê certo!

Algumas cidades visitadas: Lak Sao, Nam Phao – Laos. Yen Cat, Khai Son, Cam Thuy, Bo, Hoa Binh – Vietnã.

Dicas:
Khai Són – esse é o nome da cidade em que o cara tentou dar o golpe que contamos acima. O nome do hotel é Huong Thong. Então, não fique nesse hotel!

Passaporte – alguns hotéis pedem o passaporte, mas os idôneos apenas o levam à polícia para que ela faça uma checagem. Nós não damos passaporte para ninguém, mas sim acompanhamos a pessoa do hotel até a polícia. 

Inverno no Norte do Vietnã – O tempo estava úmido, apesar de não termos pego chuva forte, somente garoa. E faz frio! Próximo ao nível do mar está entre 10 e 20°C e nas partes mais altas estava próximo a zero, com bastante vento.

Estradas – Assim como no Laos, é bom sempre se informar sobre a qualidade das estradas que estão indicadas em mapas e placas, pois vimos (e pegamos algumas...) muitas delas em condições bastante precárias – esburacadas, sem asfalto e enlameadas. Além disso, nem sempre as menores são menos movimentadas!

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