19 de abr. de 2012

Entre plov, kalpak e kukuruza


De 05/04/2012 a 19/04/2012 - De Almaty, Cazaquistão, a Bishkek, Quirguistão

Uma postagem rápida, só para não ficar muito tempo sem dar o ar da graça! Apenas 3 dias de pedal e mais de uma semana de espera de vistos futuros. A questão de visto na Ásia Central é um tanto complexa, mas tem valido a pena, pois tudo tem sido muito diferente e interessante para nós.
A saída de Almaty me lembrou São Paulo às 6 da tarde, em véspera de feriado. Filas imensas de carros espremidos nas estreitas ruas da periferia da cidade. Nós éramos os mais velozes, mesmo com quilos de bagagem sobre duas rodas não motorizadas.
Apesar de estarmos a poucos quilômetros de distância do Quirguistão em Almaty, tivemos de percorrer mais de 200 km para entrar pela fronteira onde seria possível carimbar nossos passaportes. Pedalamos, então, sempre paralelo à fronteira, que é um belo conjunto de montanhas imensas cobertas de neve. Por isso, o clima parecia instável. Uma hora sol, pouco depois muitas nuvens e chuva, seguido por céu limpo e sol, e assim por diante. Nada preocupante, pois durante a hora que choveu, por sorte, estávamos passando por um dos pouquíssimos vilarejos e ficamos abrigados num ponto de ônibus coberto. Nesse meio tempo, observamos como é comum pegar carona aqui neste país. De um carro descia um cara que estava de carona, que sinaliza para outro carro e logo está de carona de novo. Vimos isso seguidas vezes. Em Almaty, idem, muitas pessoas pegando caronas em substituição aos taxis e ônibus.
Em uma noite, com céu instável e cara de chuva forte, pedimos para armar a barraca em uma pequena fazenda. Cederam um espaço para nós e tivemos tempo para observar a vida dos pastores, que levam ovelhas, vacas e cavalos para pastarem cedo nos campos imensos, quase a perder de vista, e no final do dia os recolhem, e assim fazem todo santo dia! Começamos, então, a filosofar: melhor viver na cidade ou ter vida de pastor? Não achamos resposta. Vamos seguir nossa viagem, continuar observando gente do mato e gente da cidade que a resposta vem sozinha. Na hora da partida, descobrimos que o pastor era da Mongólia, e vivia no Cazaquistão, mas a comunicação não avançou mais que isso. Nenhuma surpresa nisso.



Teve um dia em que começou a ventar muito, mas muito mesmo, e só agradecemos do vento ser a favor e não contra. Parecia que tinha trocado minha magrela por uma moto, pois nem precisava pedalar. Se continuasse assim chegaria ao Brasil em poucas semanas!
Paramos para almoçar em uma cidade muito pequena, mas muito mesmo, chamada Alga. Engraçado que nunca encontramos restaurantes na estrada e sempre almoçamos em pequenos mercados ou temos que comer o que estocamos, já que nem mercado vemos.
Fizemos uma onda na bela Alga e atraímos a atenção da molecada saindo da escola. Logo estávamos gesticulando e falando com um garoto fanático por futebol e com seus amigos, que chamaram uma professora poliglota, a Madame Cholpane, com quem arranhamos nosso francês. Deu para notar como todos ficam muito curiosos, pois logo mais pessoas se aproximaram e pediam para a Madame Cholpane traduzir suas perguntas.
Depois desse social todo, continuamos nosso caminho “ventoso” e chegamos à fronteira sem poder passar para o outro lado, pois nosso visto iniciaria no dia seguinte apenas. Já com experiências desastrosas de tempos passados, fomos pedir para montar a barraca em algum lugar protegido da ventania. O simpático fazendeiro nos convidou para dormir na casa dele. Que experiência diferente! Conhecemos sua grande família e bela casa, pronta para receber hóspedes, com uma imensa mesa envolta por muitas cadeiras e um quarto de hóspedes, onde dormimos com muito conforto. Comemos e bebemos chá até ficarmos mais que satisfeitos – arroz frito com cenoura e carneiro (plov), macarrão com carneiro, esfirra de carneiro, castanhas e frutas secas, chocolates, pães e chá, muito chá preto e dos bons, com um aroma incrível! Quando sinalizávamos que estávamos satisfeitos, a mãe da casa, chamada Baktili, dizia: “cuche, cuche, tchai, tchai!” (coma, coma, chá, chá). Ficamos um bom tempo conversando com a família que era muito curiosa sobre o Brasil e sobre nossa viagem. No dia seguinte, na partida, além de recebermos um estoque de comida e água, o Marcos ganhou um chapéu típico muçulmano e eu um lenço de seda. Trocamos contatos e partimos na esperança de recebê-los no Brasil. 



A passagem do Cazaquistão para o Quirguistão foi uma mudança suave e pouco drástica, por enquanto, pois há muitas coisas em comum e o russo por aqui também é a segunda língua, então nossa “fluência” na língua ainda vale nessas terras (rs).
Agora estamos em Bishkek, capital do Quirguistão, a poucos quilômetros da fronteira. Por isso, fica para a próxima postagem as novidades desse pequeno e grande país. Por hora, podemos contar algumas curiosidades.

Curiosidades:
- Vimos pelas ruas homens usando um chapéu chamado Kalpak, feito de feltro, longo e de aba curta (ver álbum de fotos)

- Milho em russo é "kukuruza".

- Em cada esquina do centro de Bishkek há vendedores de duas bebidas típicas – Bozo Chalap, bebida de leite, levemente salgada e com CO2. Estranha! Maksym, bebida fermentada de milheto (às vezes de milho, trigo ou cevada). Muito estranha! Além dessas bebidas, há muitas outras que conheceremos nas montanhas. Para os mais curiosos, segue o site do fabricante desta e de outras bebidas - http://www.shoro.kg/en/production/national-drinks/.

- Vimos muitas pessoas tomando sorvete. Há grandes sorveterias com vários freezers. Aqui faz muito calor no verão e sorvete é muito barato. Tomamos bons picolés de leite com camada de chocolate por 0,25 USD!

- Há muita comida barata por aqui: macarrão por 0,7 USD/kg , pão por 0,6 USD, aveia por 1,2 USD/kg, iogurte por 0,8 USD/L e leite idem.

Dicas:
Registro: Fomos ao escritório da polícia responsável pelo registro (OVIR), mas a oficial nos informou que para brasileiros (e muitos outros ocidentais) não é preciso.

Bicicletaria: Velo Leader (Yuganov) – muitas opções de peças e mecânica.

ATM: Muitos deles permitem o saque de dólar. As marcas com maior limite de saque foram: Demir Bank e Unit Credit Bank - 300 USD/saque e Unit Credit Bank – 15.000 Som/saque.


VEJA MAIS FOTOS NOS ÁLBUNS - CAZAQUISTÃO E QUIRGUISTÃO

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